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1974—1
-
Ezkerra eta etorkizunaren utopia
(III)
Ezkerraren utopia zer den
Ezkerra utopikoa da, eta honek berekin dakarren
guzia: batez ere, ideologia zalea. Ez dago esan beharrik, ez dudala. utopia hitza esanahi peioratiboan erabiltzen, guziz positiboan baizik. Aldatu egin nahi duenez gero, ezkerrak irudipenen bat, modelo edo ereduren bat; proiektatzen du etorkizunean: ez bait du
geroan (funtsean eskuindarrak nahi duen bezala) iraganaldia erreproduzitu nahi, zerbait guziz berria sortu
baizik. Oraindik egon gabekoa du xede. Ezagutzen
ez dena, egikaritu nahi du. E t a horixe da utopiko
izatea. Beraz, etorkizuna ez da orainaren edo lehenaren dedukzio soil bezala bururatzen.
1. Honek ez du esan hahi, utopiak hodeietan asmatzen diren ipuinak direnik. Utopiak historiaren
produktoak eta historiaren tresnak dira, historiaren
bideak (irudimena zientzietan bezalaxe). Historiak,
premian aurkiturik, bere burua lantzeko asmatzen
ditn tresnaok, eta hain zuzen, etorkizunerako bideak
urratzeko. "Es la historia misma (que es u n material) la que se crea los instrumentos necesarios para
su propia elaboración. Las utopías que intentan dar
una nueva estructura a la historia son u n producto
de esa misma historia, la cual es (alegia, hein honetan) u n a entidad anónima" (Kolakowski, El significado del concepto izquierda saiakeran).
2. "Por otro lado, l a historia es un producto humano". Hots, utopiak ere gizonon obra eta tresna dira.
Hau da, gure esku dago, utopia horiek onuragarri ala
kaltekor, irudipen ilargitar e t a mistifikatu a l a asmo
baliotsu e t a argigarri diren, aldian-aldian ikustea eta
probatzea. Zeren-eta, utopiak errealidadea. aldarazteko badira, errealidadeari dagozkionak izan 'behar bait
dute: errealidadeak eskatzen dituenak, eta errealidadeari tokatzen zaizkionak. (Beraz, "herbestetiko" ideien
kontra sarri aurkitzen den errezeloa, ez da guziz
bidegabezkoa).
"Toda obra humana representa u n a transacción
(konpromiso bat) entre el material y el instrumento": landu behar den ekaia edo materia, historia da
hemen; lanabesak utopiak dira. "Sin embargo, para
que el producto no resulte monstruoso es indispensable u n a correspondencia mínima entre aquél y éste
(lanabesaren eta ekaiaren artean, alegia), ya que no
resulta posible limpiarse los dientes con u n a maquina perforadora n i tampoco se puede realizar u n a operación de c e r e b r o con u n lapicero. A veces se intenta
hacerlo, pero en tal caso los resultados son muy poco
satisfactorios". Behin baino gehiagotan sumatzen da
hori: zenbat eta errealidade eskasagoa eskuetan, are
utopia fantastikoagoak bururatzen dira. Konpentsazio bezala, agian. Kontzientzia mistifikatuaren seinale b a t da, nola nahi ere. Ez ote dago horrelako zerbait, guk hezkuntzari (pedagogiari, arteari, fedeari
eta besteri) eskatu nahi izaten diogun guzian?
el material está constituido por la estructura del
mundo humano con que nos encontramos y a la cual
queremos dar; u n a forma nueva. También en este
caso el instrumento debe ser en cierta medida adecuado al material, p a r a que el producto no resulte
monstruoso, pues, p a r a poner u n ejemplo, no resulta
posible enseñar a andar a un recién nacido". Hala
da, utopietan ere nolerebait errealista izan behar da.
Aldian aldiko utopiak oraingo eta begien aurreko
errealidadeekin ere kontatu behar du.
3. Gainera, utopiak langileari (ekintzaleari) dagokion modukoa izan behar du. Mundua ez du utopiak aldatzen, gizonek baizik. E t a edozein gizon ez
da ongi moldatzen edozein tresnarekin. Beraz, utopiak, errealidadeak inola eman ezindako gehiegi eskatzerik ez dadukan moduan, gizon konkretu batzuek
hartaz baliatu ahal izateko modukoa ere izan behar
du. Zer egiten da, esaterako, langileria gehienbat
analfabeto bati, Goethe e t a Michelangelo aisa superatuko (omen) lituzkeen kultura proletario distiratsu
eta garbi-garbia sortzera dei eginez? Desastre bat
probokatzen da.
4. Beraz, laugarrenik e t a azkenik, utopiak u n e
konkretuari, garaiari eta tokiari dagokiona izan behar
du.
Baina bistan dago esandakoarekin, utopiaren eta
errealidadearen arteko konpromisoa den utopia praktiko b a t ere badagoela. Bi mailatan h a r daiteke utopia. Hori ere kontsideratu beharrezkoa da.
"Las revoluciones sociales son una transacción
(konpromiso bat) entre la utopía y la realidad histórica. La utopía es el instrumento de la revolución;
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