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9ª Reunião da Red-POP
FORMULÁRIO PARA APRESENTAR TRABALHOS
IX Reunião da Red POP
8 - 10 de avril de 2005
Rio de Janeiro, Brazil
Título completo da apresentação
Química: o discurso dos professores em atividades museais de ciências.
Parte i:o que dizem.

Modalidade de apresentação:

Área temática:
 Trabalho oral
 Cartaz
 1. Educação não formal
 2. Museus e centros interativos de ciência
 3. Produção de materiais
 4. Jornalismo científico
 5. Profissionalização da divulgação científica

Dados pessoais do(os) autor(es):
Nome do palestrante
Nome outros autores
Instituição
Domicílio
Cidade / Estado
CEP / País
Telefone
Fax
Correio eletrônico

João Augusto Gouveia-Matos
Claudia Vasconcelos da Rocha (FL/UFRJ), Maria Paula
Bonatto (Parque da Ciência/Museu da Vida/FIOCRUZ),
Cinthia Bernardes Gomes (Parque da Ciência/Museu da
Vida/FIOCRUZ).
Instituto de Química/Universidade Federal do Rio de
Janeiro
Av. Fernando de Matos 226 apto 102
Rio de Janeiro/RJ
22621-090 Brasil
Código: (55) 21 Número: 2562 7141(trab.) 2493 0871(res.)
Código:
Número:
gouveia_matos@yahoo.com.br
Dados da instituição:
Nome da instituição
Programa ou centro
Domicílio
Cidade /Estado
CEP / País
Telefone
Fax
Página Web
Membro da Red Pop
Museu da Vida / FIOCRUZ
Parque da Ciência
Av. Brasil 4365 - Manguinhos
Rio de Janeiro/RJ
21045-900
Código: (55) 21
Número: 3865 2121
Código: (55) 21 Número: 3865 2170
http://www.museudavida.fiocruz.br/
 Titular
 Associado
 Ad-Hoc
9ª Reunião da Red-POP
SE PRETENDE PARTICIPAR DE UMA MESA DE TRABALHO:

Equipamento de apoio necessário para a apresentação (no caso de mesas de
trabalho):
 Projetor de transparências (retroprojetor)
 Projetor de slides
 Datashow para PC
 Computador (PC) com Office
 TV + Vídeo PAL
Outro
____________________________

Resumo da proposta de apresentação:
QUÍMICA: O DISCURSO DOS PROFESSORES EM ATIVIDADES MUSEAIS DE
CIÊNCIAS. PARTE I:O QUE DIZEM.
João Augusto Gouveia-Matos (IQ/UFRJ), Claudia Vasconcelos da Rocha (FL/UFRJ),
Maria Paula Bonatto (Parque da Ciência/Museu da Vida/FIOCRUZ), Cinthia Bernardes
Gomes (Parque da Ciência/Museu da Vida/FIOCRUZ).
O trabalho investiga o discurso de diversos professores nas avaliações sobre
uma oficina - "Fábrica de moléculas no mundo nanoscópio" - de sensibilização para o
conceito de moléculas, e de que foram participantes. A oficina foi concebida e
planejada pela colaboração informal entre o Parque da Ciência/Museu da
Vida/FIOCRUZ e a UFRJ, através de um dos autores, e teve sessões efetivadas em
Recife-PE e Cuiabá-MT, a convite da Associação Brasileira de Centros e Museus de
Ciências, durante as reuniões anuais da Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência, que transcorreram, respectivamente, em 2003 e 2004. Um total de 175
visitantes da SBPC participaram das 15 sessões da oficina (5 em Recife e 10 em
Cuiabá).
Como metodologia foi utilizada uma análise textual baseada em pressupostos da
Análise do Discurso, fundamentada em Bakhtin e na escola francesa, e o corpus
constituiu-se de manifestações por escrito de 49 professores.
Os resultados apontam que os professores analisaram as atividades com profundo
olhar profissional-utilitário, avaliaram positivamente a oficina, manifestando-se com
certezas sobre a mesma, identificando nela aspectos novos de conhecimentos em
Química ou em metodologias que lhes serão úteis para suas atividades em sala de
aula com seus alunos.
Trabajo en extenso:
QUÍMICA: O DISCURSO DOS PROFESSORES EM ATIVIDADES MUSEAIS DE
CIÊNCIAS. PARTE I:O QUE DIZEM
9ª Reunião da Red-POP
João Augusto Gouveia-Matos (IQ/UFRJ), Claudia Vasconcelos da Rocha (FL/UFRJ),
Maria Paula Bonatto (Parque da Ciência/Museu da Vida/FIOCRUZ), Cinthia Bernardes
Gomes (Parque da Ciência/Museu da Vida/FIOCRUZ).
INTRODUÇÃO
Durante as reuniões anuais da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
realizadas em Recife e em Cuiabá, respectivamente em 2003 e 2004, nos estandes da
Associação Brasileira de Museus e Centros de Ciências, foram realizadas 15 oficinas sobre
modelização molecular (5 em Recife e 10 em Cuiabá, com 15 participantes em cada uma). O
objetivo das oficinas foi sensibilizar os participantes para o conceito de molécula, que, além de
entidade teórica fundamental da Química, é a base para o entendimento do conceito de
DNA e de suas implicações sócio-econômicas representadas nas discussões atuais sobre clones,
células- tronco, alimentos transgênicos, etc. Conforme nos diz Chassot, a alfabetização
científica é um direito de cidadania (Chassot, 2000).
Originadas e elaboradas pela colaboração informal entre o Parque da Ciência,
FIOCRUZ e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, através de um dos autores
deste trabalho, as oficinas são baseadas na concepção de Zona do Desenvolvimento
Proximal (Vygotsky, 2002) e consistem na construção pelos visitantes de modelos de
moléculas presentes no dia-a-dia, usando para tal, argilas, palitos e tintas, a partir de
fichas contendo a representação gráfica de estruturas moleculares.
Este trabalho relata os resultados obtidos na investigação, através de uma
análise textual, das avaliações que professores participantes fizeram das mesmas. A
análise assumiu dois pressupostos baseados na Análise do Discurso (AD): i.
ser a escolha dos elementos discursivos de um texto o que propicia a construção de
sua imagem (mensagem final), a qual atua como um auxiliar eficaz na avaliação que se
pretende; ii. analisar o papel argumentativo desses elementos lingüísticos, que
funcionam como estratégias na construção de mensagens. Em outros termos, a
análise, procurando observar se a argumentação pode ser medida em termos
lingüísticos, pretende avaliar até que ponto a seleção lexical (escolha de palavras, no
caso, verbos e adjetivos) interfere na força argumentativa de tais textos, constituindo
também ela uma estratégia para a efetivação do discurso de professores participantes
da atividade.
Outra fundamentação desta análise provém dos estudos de Bakhtin, pensador russo sobre
o qual se baseia a AD contemporânea, segundo a qual todo enunciado lingüístico fundase sobre um diálogo implícito com outros enunciados. É preciso concebê-la em seu caráter
interativo, ou seja, como criação coletiva, integrante de um diálogo profuso entre o "eu" e
o "outro". Nessa perspectiva, o discurso não é individual porque se constrói entre
interlocutores situados sócio-histórica e ideologicamente, e porque mantém relação com
outros discursos (Mason, 1986). Com isto, há uma voz que permeia todo processo discursivo:
compreender o que alguns dizem é, praticamente, compreender o que todos dizem.
DESCRIÇÃO DA PESQUISA
Após a etapa de construção dos modelos, os participantes responderam em
cartelas de 15 x 25cm à pergunta escrita a mão na parte superior: “O que você achou
da oficina Fábrica de Moléculas?”. Além disso, as cartelas distribuídas em Cuiabá
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continham, na parte inferior, perguntas que permitiam
identificação do participante (“Quem é você?” seguida de espaço para idade a ser
preenchido e opções para indicação se professor ou aluno ou outros), o mesmo não
acontecendo em Recife, onde participantes de próprio punho deveriam fornecer estes
dados.
A finalidade foi estabelecer um cenário mais próximo possível de uma
conversação, sem aspectos formais acadêmicos, e em um espaço gráfico que
permitisse manifestações de espontaneidade. A resposta ao questionário era optativa e
o retorno foi de 77,8 %, ou seja, 175 respondentes.
As cartelas com respostas, depois de numeradas, foram agrupadas em 3
categorias: professores, alunos e outros. Dado o fato de a maioria dos visitantes de
centros e museus de ciência no Brasil ser constituída de alunos e professores em
visitas patrocinadas pelas escolas, no presente trabalho apenas esta última categoria é
estudada, sendo o corpus correspondente constituído de 49 manifestações desse
grupo.
As classes de palavras analisadas nas elocuções dos falantes foram os
adjetivos (e classes gramaticais que atuem como tal), modos dos verbos utilizados,
alguns substantivos e as expressões e/ou frases empregadas (elocuções).
RESULTADOS ENCONTRADOS E DISCUSSÕES
Adjetivos e substantivos
Foram encontradas quarenta e oito variedades de adjetivos em um total de 112
ocorrências, sendo que flexões foram computadas como variedade (exemplo: interessante,
superinteressante, muito interessante, etc.). Não foram detectados adjetivos de valoração
semântica negativa. Na Tabela 1, que se segue, são listados 30 adjetivos encontrados e
cujas ocorrências, bem como a dos demais não listados, independem do local de elocução,
Recife (PE) ou Cuiabá (MT):
bem organizado
Excelente
maravilhosa
bom (boa)
Fácil
muito bom
clara
fantástico
muito interessante
construtiva
Importante
Novo
criativa
informativa
Ótima
didático(a)
interativo(a)
Prática
dinâmica
Interessante
proveitoso
divertida
interessantíssimo
Rápido
educacional
legal
sem cansaço
enriquecedor
lúdico
superinterativo
Tabela 1 – Adjetivos encontrados nas elocuções de professores
Apesar do valor semântico de um adjetivo, verbo ou substantivo não poder ser
considerado isoladamente dos demais elementos de linguagem presentes em uma
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elocução (considere-se, por exemplo, o adjetivo “fácil” nas
expressões “a atividade foi fácil” e “a atividade não foi fácil”), cumpre chamar atenção
para a ocorrência de adjetivos de caráter pedagógico (didático, dinâmico, interativo,
etc.) no discurso dos professores. Inclusive, foi verificada em trabalho anterior
(Gouveia-Matos et al., 2004) a ocorrência exclusiva de alguns deles nesta categoria,
estando ausente das falas de alunos e de outros.
Esses dois fatos são as primeiras indicações de uma característica básica da
avaliação realizada por professores sobre uma atividade museal em ciências e que
independe da valoração ser positiva ou negativa: o professor não se manifesta
enquanto sujeito único, mas sim como sujeito plural: ele e seus alunos, ele e sala de
aula. Existe um olhar/dizer do profissional em educação que busca por qualidades em
que são consideradas as possíveis vantagens pedagógicas: proveitoso, interativo,
dinâmico, educacional, etc.
Também aponta nesta direção a presença nas expressões avaliativas dos
professores do uso de: i. determinados substantivos associados a atividades escolares,
como professor, aluno, sala de aula, colégio, escola, etc.; ii. substantivos derivados do
verbo “aprender”, como aprendizado e aprendizagem, e iii. conjugações do próprio
verbo “aprender”. Os exemplos abaixo corroboram tais afirmações:

“...muito interessante e criativa e uma ótima estratégia
aprendizagem...” (Roberta, Ensino Fundamental, MT, cartela 7)
de

“Legal, faz com que chame mais a atenção dos alunos...” (Olavo,
Ensino Médio, MT, cartela 10)

“Ótima, nós aprendemos mais sobre as moléculas...” (s/ identificação,
PE, cartela 17)

“Muito bom, seria ótimo se isso pudesse ser continuado nas
escolas...” (Edvanda, PE, cartela 7)

“Gostei muito...será possível trabalhar com alunos de várias séries...”
(Maria Inez, Professora de Ciências, PE, cartela 2)
Verbos
Verbo é a classe gramatical indicativa de ação e, por conseguinte, apresenta
como característica principal um dinamismo próprio que pode promover modificações
continuamente: o dicionário Houaiis, por exemplo, cita 30 significados e/ou sentidos
para o verbo “ser” (Houaiss e Villar, 2001). Tais modificações podem ocorrer ao longo
de uma mesma elocução e serem afetadas por regionalismos, cenários, etc. Assim,
com raras exceções, são categorias complexas para análises semânticas.
Todavia, as formas de ocorrência dos verbos permitem compreender tal complexidade e a
partir desta possibilidade tornam-se importantes elementos de análise. Assim, infere-se
que no momento em que se fala ou se escreve, o processo verbal ou está ocorrendo, ou
pode já ter ocorrido, ou pode vir a ocorrer. Essas três possibilidades são marcadas pelos
tempos verbais (presente, pretérito e futuro). Associada à indicação de tempo, está a
indicação da atitude do enunciador que fala ou escreve em relação ao conteúdo sobre o
que ele está revelando; trata-se do modo verbal. Então, se se considera que o que é
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falado ou escrito sobre um dado conteúdo expressa uma certeza,
utilizam-se as formas verbais do modo indicativo; caso indique algo incerto, duvidoso,
hipotético, as do modo subjuntivo; e, finalmente, o modo imperativo, caso expresse ordens,
desejos, apelos. A estas três possibilidades que o modo verbal denota, acrescentem-se
ainda as formas nominais — infinitivo, gerúndio e particípio — sendo que a primeira, em
geral caracterizada pela não existência de sujeito, é por excelência a forma usual no
discurso acadêmico e científico. Nas 5 transcrições acima, a segunda e a terceira são
exemplos de uso do modo indicativo (respectivamente, “... faz com que...” e “...nós
aprendemos mais...”), a quarta do modo subjuntivo (“...se isso pudesse...”) e a última, do
infinitivo (“...possível trabalhar...”).
No corpus analisado, das 99 ocorrências de modo, 91 são de utilização da forma
indicativa. Destas, 54 são conjugadas no presente. Ou seja, o professor tem muita
certeza do que fala e pouquíssimas dúvidas. Apenas 7 ocorrências do modo
subjuntivo e, apontando a impessoalidade em que o sujeito se traduz, 21 usos de
infinitivo.
Além disso, apesar de induzidos pela pergunta a se manifestarem no pretérito
(“O que você achou da oficina Fábrica de Moléculas?”), tempo indicador de uma ação
total ou parcialmente encerrada no passado, os professores utilizam formas verbais
que manifestam estarem os efeitos das ações desencadeadas pelas atividades ainda
ocorrendo no momento em que eles se pronunciavam.
Análise das elocuções
Dentre os elementos que os professores utilizam e que prescindem de uma
carga valorativa explícita, apresentam-se expressões não qualificadas por adjetivos,
mas cujos efeitos se manifestam positivamente no momento da elocução e da
interpretação, possibilitando uma outra formulação.
Nas análises das elocuções que se seguem, pode-se identificar dois desses elementos: o
reconhecimento do novo e o preenchimento de alguma lacuna, seja através de acréscimos
por metodologias ou através de conhecimentos específicos de Química, ou ambos:

“Houve coisas que eu desconhecia e a partir da explanação do conteúdo
veio clarear as minhas idéias” ...”pois quando estudamos essas ligações
químicas ficava um pouco difícil de entender e com a prática será mais fácil”
(s/ identificação, PE, cartela 4)
Neste caso, o falante está indicando claramente a lacuna de
conhecimentos em Química que apresentava e que as atividades da oficina
vieram preencher.

“A oficina é bastante criativa onde a pessoa aprende praticanto [praticando]
que é uma forma mais rápida de assimilação” (s/ identificação, PE, cartela
15)
Quando se aprende alguma coisa, essa alguma coisa é sempre nova
para o aprendiz, seja no próprio conteúdo, seja na forma. Isto porque o
conhecimento já de domínio deste aprendiz, um conhecimento “velho”, é
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apenas
relembrado,
recuperado,
quando
se
lhe
é
(re)apresentado. Então, alguém, ao afirmar que aprendeu um dado
conhecimento, está implicitamente afirmando que este conhecimento é
novo. Isto vale também para ocorrências de substantivos e formas nominais
derivadas do verbo aprender (aprendizagem, aprendido, aprendendo, etc.).

“Uma maneira muito mais didática de se aprender Química; não tenho muita
intimidade e nem afinidade com tal área, porém com a dinâmica me senti
desafiado e instigado a formar moléculas.” (Guilherme, MT, cartela 8)
Pressupondo que existam no aparelho cognitivo-afetivo do sujeito
estruturas que o levam a ter afinidades, o falante está dizendo que lhe
faltavam tais estruturas. A atividade de alguma forma, já que se apresenta
mais didática a seu ver, veio preencher tais lacunas através do novo
conhecimento em Química (“se aprender Química”): “...com a dinâmica me
senti desafiado e instigado a formar moléculas...”

“Foi ótimo, para mim enquanto professor de Ciências e Química no E. Médio
esta dinâmica servirá p/ atividade com os meus alunos.” (Adilson, MT,
cartela 13)
Ao fazer uma afirmação utilizando o futuro do indicativo está indicando
claramente o valor que atribui à atividade (há sempre uma margem de
indeterminação sobre ações a serem efetivadas no futuro), e algo diferente,
novo, foi identificado na atividade, pois uma dinâmica que já fosse
conhecida provocaria o uso da forma verbal no pretérito ou no presente.

“Muito boa e de muito proveito nos mostra como conhecer melhor a nossa
estrutura e a estrutura molecular das diversas formas produtos.” (s/
identificação, PE, cartela 6)
O falante indica que já conhece o assunto, mas a atividade permite
que se conheça melhor o mesmo, ou seja, ela traz acréscimos, sendo
atribuído à interdisciplinaridade entre Biologia e Química um papel
importante nesse sentido.

“Criativa, uma prática interessante e divertida de assimilar os conteúdos
sobre moléculas, átomos e células, estruturas complexas que os alunos
demonstram dificuldades, nos métodos tradicionais.” (Regina, MT, cartela
15)
A professora afirma que existem dificuldades de aprendizagem pelas
metodologias tradicionais, e como esta permitiu a assimilação de maneira
divertida, sem dificuldades, não deve ser tradicional, e sim, nova. Como
não nega que os alunos aprendem, esta nova metodologia irá somar-se às
já existentes. Aponta também a presença da interdisciplinaridade em
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Química-Biologia ao colocar átomos, moléculas e células com o
mesmo tipo de estrutura.

“Achei o trabalho super interessante espero que vote [volte] sempre” (Mary,
PE, cartela 26)
Só se deseja que alguma coisa volte se a mesma significar algo
vantajoso, prazeroso, traduzindo-se, assim, por estar ausente e
provocando uma sensação de carência a ser preenchida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Das análises procedentes podemos concluir que os professores avaliaram
positivamente a oficina “Fábrica de moléculas”, manifestando-se com certezas sobre a
mesma, identificando nela aspectos novos de conhecimentos em Química ou em
metodologias que lhe serão úteis para suas atividades profissionais em sala de aula
com seus alunos.
É bastante interessante esta constatação, pois as concepções epistemológicas
em que foi baseada a elaboração da oficina (Gouveia-Matos et al., 2004) são diversas
daquelas veiculadas no ensino de Química ou de Ciências (modelização x realismo
ingênuo – Laszlo, 1995). Além disso, a oficina trata de um tema, teoria atômica
molecular, tradicionalmente considerada pelos professores de aprendizagem
problemática (ver experiência própria no primeiro exemplo em Análise das Elocuções).
Finalizando, é importante ressaltar que o objetivo deste trabalho não foi avaliar os
professores, mas sim avaliar as avaliações dos professores sobre as atividades da oficina de
que foram participantes. Neste sentido, não estão em questão no momento suas
concepções epistemológicas, suas visões de ciência, aspectos sociais e outros elementos, que
são fatores condicionantes importantes de tais avaliações. A AD do presente corpus de
análise permite algumas inferências a respeito, que serão objeto de futuras investigações.
Por exemplo, é intrigante o fato de uma inspeção comparativa entre as enunciações dos
professores de Recife e de Cuiabá revelar que as primeiras apresentam uma riqueza
léxica maior que a segunda. Assim, os professores de Recife utilizam 56 variedades de
verbos e 32 variedades de adjetivos, enquanto os de Cuiabá, respectivamente, apenas 35
e 16. Isto, apesar de terem sido realizadas 5 oficinas em Pernambuco e 10 em Mato Grosso.
Simples entusiasmo cultural? Maior domínio vernacular, maior disposição e/ou motivação?
Também o fato de os professores de Recife apresentarem um maior uso de infinitivos em
suas construções verbais (13 para 8, de Cuiabá) poderia estar indicando uma maior
proximidade com o universo acadêmico científico?
Algumas outras observações poderão, assim, contribuir para que do universo trabalhado,
a AD promova outras e tantas análises capazes de orientar igualmente, atividades
museais em ciências, quanto, um melhor desempenho entre professores e alunos em sua
prática pedagógica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
9ª Reunião da Red-POP
Chassot, A.: Alfabetização Científica. Questões e desafios para a
Educação. Ijuí. Editora UNIJUI. 2000
Gouveia-Matos, J. A. M.; Bonatto, M. P.; Gomes, C. B.: “Educação Informal em
Química e a Modelagem Molecular”. Livro de Resumos da XXVI Congresso Latino
Americano de Química e 27a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química,
Salvador, 2004
Houaiis, A.; Villar, M. S: Dicionário Houaiis da Língua Portuguesa, Rio de Janeiro,
Objetiva, 2001
Laszlo, P.: A palavra das coisas ou a linguagem da Química, Lisboa, Gradiva, 1995
Mason, G.S.: Baktin. Essays and dialogues on this work. Chicago, University Press,
1986
Vygostsky, L.S.: A formação social da mente. São Paulo, Ed.Martins Fontes, 2002