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Farmácia Cardoso Ana Margarida Carvalho Guerra i Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas Relatório de Estágio Profissionalizante Farmácia Cardoso Maio de 2014 a Agosto de 2014 Ana Margarida Carvalho Guerra Orientadora: Dra. Isabel Maria Pintado Miranda __________________________________ Tutor FFUP: Prof.ª Doutora Glória Queiróz __________ ________________________ Setembro de 2014 ii Declaração de Integridade Eu, Ana Margarida Carvalho Guerra, abaixo assinado, nº 200801151, aluna do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento. Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica. Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________ de ______ Assinatura: ______________________________________ iii Agradecimentos Este estágio de três meses na farmácia Cardoso revelou-se uma experiência bastante enriquecedora, contribuindo imenso para o meu crescimento profissional e pessoal. Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à Dr.ª Isabel pela partilha de experiência e profissionalismo, por todo o apoio e disponibilidade demonstrados e pela oportunidade que me concedeu. Um agradecimento especial ao Nuno, ao Carlos e ao Sr. José pela vontade de ensinar, pelo companheirismo e pela boa-disposição que possibilitaram uma ótima integração na equipa. Agradeço também à Comissão de Estágios da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto por tornarem possível o estágio curricular e pela disponibilidade em esclarecer as dúvidas dos estudantes. Por fim, um grande obrigado ao meu namorado e à minha família pela paciência, pelo incentivo e por estarem sempre presentes. ii Resumo A realização do estágio curricular é essencial para a consolidação dos conhecimentos teóricos adquiridos ao longo dos 5 anos do curso, permitindo que haja uma interligação entre os estudos e a prática profissional. O meu estágio decorreu ao longo de 3 meses (de 12 de Maio a 15 de Agosto de 2014) na Farmácia Cardoso, em Lamego, sob orientação da Dra. Isabel Miranda. Este relatório é composto por duas partes, descrevendo sucintamente a minha experiência durante o período de estágio na farmácia comunitária. A primeira parte descreve as atividades realizadas diariamente e a segunda aborda dois temas em que prestei aconselhamento farmacêutico: Hipercolesterolemia e Obstipação na gravidez. A grande prevalência de hipercolesterolemias, a sua associação com as doenças cardiovasculares e a grande dispensa de fármacos antidislipidémicos foram fatores que me incentivaram a proporcionar um maior aconselhamento farmacêutico nesta área, com o objetivo de sensibilizar a população para evitar os fatores de risco associados. Com dados estatísticos obtidos da Farmácia Cardoso, realizei ainda uma comparação do consumo dos fármacos antidislipidémicos, nomeadamente das estatinas, com os dados nacionais disponíveis. Um caso prático de obstipação numa mulher grávida alertou-me para a escassez de informação nesta área, o que tornou relevante efetuar uma ação de aconselhamento farmacêutico, visto a importância que este serviço tem hoje em dia na farmácia comunitária. Todas as atividades realizadas durante o estágio curricular contribuíram para a melhoria da minha formação, para a consolidação dos conhecimentos científicos adquiridos durante estes últimos 5 anos e também para o meu crescimento intelectual e pessoal. iii Índice 1. Introdução.............................................................................................................. 1 2. Farmácia Cardoso .................................................................................................... 2 2.1 Localização e espaço .......................................................................................... 2 2.2 Recursos humanos e horário............................................................................... 2 2.3 Fontes de informação .......................................................................................... 3 3. Gestão da farmácia................................................................................................... 3 3.1 Sistema Informático ............................................................................................. 3 3.2 Encomendas e Armazenamento ......................................................................... 3 3.2.1 Fornecedores ................................................................................................... 3 3.2.2 Rotação de stock.............................................................................................. 4 3.2.3 Receção e Conferência .................................................................................... 4 3.2.4 Armazenamento ............................................................................................... 5 3.2.5 Controlo dos prazos de validade e conferência física dos stocks ..................... 5 3.2.6 Devoluções ...................................................................................................... 6 3.2.7 Matérias-primas e reagentes ............................................................................ 6 4. Dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica .............................................. 6 4.1 Receita médica.................................................................................................... 6 4.2 Dispensa ............................................................................................................. 7 4.3 Aconselhamento farmacêutico. Informação oral e escrita .................................... 8 4.4 Medicamentos genéricos ..................................................................................... 8 4.5 Regimes de comparticipação .............................................................................. 9 4.6 Medicamentos sujeitos a receita médica especial ............................................... 9 4.7 Faturação e conferência de receituário ............................................................. 10 5. Dispensa de Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica e Automedicação ...... 10 6. Dispensa de outros produtos farmacêuticos ........................................................... 11 6.1 Medicamentos veterinários ................................................................................ 11 6.2 Produtos cosméticos e de higiene corporal ....................................................... 12 6.3 Produtos homeopáticos e fitoterapêuticos ......................................................... 12 6.4 Alimentação especial; Suplementos alimentares e vitamínicos ......................... 12 6.5 Produtos de puericultura e de obstetrícia .......................................................... 13 6.6 Produtos de higiene bucal ................................................................................. 13 6.7 Dispositivos médicos ......................................................................................... 14 6.8 Medicamentos manipulados .............................................................................. 14 iv 7. Cuidados Farmacêuticos e Serviços de Saúde ....................................................... 15 7.1 Pressão arterial ................................................................................................. 15 7.2 Parâmetros bioquímicos .................................................................................... 16 7.3 Administração de vacinas e medicamentos injetáveis ....................................... 16 7.4 VALORMED e recolha de radiografias .............................................................. 17 8. Avaliação do consumo de antidislipidémicos e a Importância do Aconselhamento Farmacêutico na Hipercolesterolemia ......................................................................... 19 8.1 Introdução ......................................................................................................... 19 8.2 Lipoproteínas plasmáticas ................................................................................. 20 8.3 Tipos de dislipidemias ....................................................................................... 22 8.4 Relação entre dislipidemias e risco cardiovascular ............................................ 22 8.5 Tratamento farmacológico das dislipidemias ..................................................... 25 8.5.1 Estatinas ................................................................................................... 25 8.5.2 Ácido nicotínico ......................................................................................... 26 8.5.3 Fibratos ..................................................................................................... 27 8.5.4 Resinas sequestradoras dos ácidos biliares .............................................. 27 8.5.5 Inibidores seletivos da absorção do colesterol........................................... 27 8.6 Consumo dos fármacos antidislipidémicos na Farmácia Cardoso ......................... 28 8.7 Importância do aconselhamento farmacêutico ...................................................... 30 8.8 Discussão ............................................................................................................. 32 8.9 Conclusão ............................................................................................................. 33 9. Caso Prático: Obstipação na gravidez .................................................................... 33 9.1 Introdução ......................................................................................................... 33 9.2 Etiologia ............................................................................................................ 34 9.3 Prevenção e tratamento não farmacológico ...................................................... 34 9.4 Tratamento farmacológico ................................................................................. 34 9.5 Conclusão ......................................................................................................... 35 10. Considerações finais............................................................................................. 36 11. Referências........................................................................................................... 37 12. Anexos.................................................................................................................. 44 v Lista de abreviaturas FFUP Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto FC Farmácia Cardoso INFARMED Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. DCI Denominação Comum Internacional HTA Hipertensão Arterial LDL Low Density Lipoprotein HDL High Density Lipoprotein vi Índice de figuras Figura 1- Zona de atendimento ao público da FC ........................................................ 2 Figura 2 - Principais causas de morte em Portugal (1988-2011) ............................... 19 Figura 3 - Evolução da utilização de medicamentos do aparelho cardiovascular ....... 20 Figura 4 – Constituiçao de uma lipoproteína ............................................................. 21 Figura 5 – Acumulação de gordura e bloqueio da artéria coronária .......................... 23 Figura 6 - Evolução do consumo dos fármacos antidislipidémicos na FC ................. 28 Figura 7 - Evolução do consumo de estatinas na FC (2012-2013) ............................. 29 Figura 8 - Evolução do consumo de estatinas por substância ativa em Portugal ...... 29 Figura 9 - Consumo das classes de estatinas em 2012 e 2013 na FC ....................... 30 Índice de tabelas Tabela 1 - Constituição da equipa profissional da FC ................................................... 3 Tabela 2 - Valores de referência na medição da pressão arterial 27............................ 16 Tabela 3 - Valores de referência de glicemia e de colesterol total .............................. 16 Tabela 4 - Classificação das lipoproteínas e propriedades físicas 37,38 ....................... 21 Tabela 5 - Classificação fenotípica de Frederickson 40 ............................................... 22 Tabela 6 - Determinação do colesterol LDL pela fórmula de Friedewald 42 ................. 24 Tabela 7 - Valores terapêuticos de colesterol e triglicerídeos 46 ................................. 24 Tabela 8 - Fármacos antidislipidémicos e respetivos efeitos no perfil lipídico 47 ......... 25 Índice de anexos Anexo 1 - Grelha SCORE para países de baixo risco cardiovascular ....................... 45 Anexo 2 - Biossíntese do colesterol pela via do mevalonato50 ................................... 44 Anexo 3 - Folheto informativo sobre a hipercolesterolemia ........................................ 46 Anexo 4- Folheto informativo sobre a obstipação na gravidez ................................... 47 vii viii 1. Introdução O farmacêutico exerce várias atividades de promoção da saúde para além da dispensa dos medicamentos aos utentes, nomeadamente a prestação de aconselhamento e a promoção da utilização segura e racional dos medicamentos aos utentes1. Na sociedade atual, o farmacêutico é um profissional de saúde de acesso mais imediato e mais fácil, pelo que os utentes recorrem frequentemente à farmácia comunitária para receber aconselhamento antes de procurarem auxílio médico. Por este motivo, a atividade farmacêutica deve ser exercida com um elevado grau de responsabilidade e competência, zelando sempre para a saúde da população. O estágio curricular inserido no Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF) da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP) constitui uma importante vertente de formação, proporcionando um contato direto com o utente e a consolidação dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso no seio de uma equipa de profissionais de saúde. O meu estágio decorreu durante 3 meses na Farmácia Cardoso, onde me foi possível praticar as seguintes atividades: armazenamento de produtos, receção e conferência de encomendas, controlo do prazo de validade e verificação física de stocks, conferência de receituário, aferição da pressão arterial e de parâmetros bioquímicos e atendimento ao público. Foi-me ainda possibilitada a participação numa ação de sensibilização promovida pela Unidade de Farmacovigilância do Norte, o que contribuiu para rever e aprofundar a importância da Farmacovigilância no sistema de saúde português. 1 2. Farmácia Cardoso 2.1 Localização e espaço A Farmácia Cardoso está localizada na Rua Macário de Castro, em Lamego, no centro da cidade e próxima do hospital, o que lhe confere grande afluência de doentes. Como está situada perto de zonas monumentais é também muito frequente a passagem de turistas de diversas nacionalidades. A Farmácia é composta por vários espaços: a zona de atendimento ao público, a zona de receção de encomendas, o armazém, a sala da direção técnica onde é também realizada a conferência de receituário, o laboratório onde se preparam manipulados e efetuam os testes bioquímicos aos utentes, uma pequena zona de convívio e uma casa de banho. Figura 1- Zona de atendimento ao público da FC 2.2 Recursos humanos e horário A equipa da farmácia Cardoso é formada por vários profissionais de saúde (Tabela 1). O horário de funcionamento decorre entre as 8h30 e as 19h30 nos dias úteis e entre as 9h e as13h aos sábados. 2 Tabela 1 - Constituição da equipa profissional da FC Diretora Técnica / Proprietária Dr.ª Isabel Pintado Miranda Técnico de Farmácia José Mota Técnico Auxiliar de Farmácia Nuno Moreira Técnico Auxiliar de Farmácia Carlos Azevedo Auxiliar de Limpeza Isabel Ferreira 2.3 Fontes de informação A Farmácia Cardoso possui uma vasta bibliografia, composta por exemplares da Farmacopeia Portuguesa e do Prontuário Terapêutico (ambas as obras obrigatórias) e por outros livros, tais como o Índice Merk, o Formulário Galénico Português ou o Manual de Antibióticos Antibacterianos. Há também o acesso livre à internet, podendo assim efetuar-se a consulta de sites como a Ordem dos Farmacêuticos ou o Infomed. Durante o meu estágio tive, por vezes, a necessidade de recorrer a estas fontes de informação, especialmente à leitura do Resumo das Características do Medicamento (RCM), tornando-se uma ferramenta muito útil para uma melhor aprendizagem. 3. Gestão da farmácia 3.1 Sistema Informático O sistema informático utilizado pela FC é o Sifarma 2000, sendo uma ferramenta valiosa para os farmacêuticos, visto permitir efetuar uma gestão de stocks e um controlo administrativo mais completo. Durante o meu estágio pude explorar este sistema, estando neste momento perfeitamente familiarizada com o seu uso, nomeadamente nas áreas de criação e receção de encomendas, verificação de stocks e de prazos de validade, consulta de informação científica, dispensa de medicamentos, faturação mensal e consulta de vendas. 3.2 Encomendas e Armazenamento 3.2.1 Fornecedores Há duas formas de adquisição dos produtos na farmácia: a encomenda diária aos armazenistas e a encomenda direta aos laboratórios. 3 A farmácia Cardoso colabora atualmente com dois fornecedores, a Alliance Healthcare e a OCP Portugal, consoante a disponibilidade e o preço dos produtos. É realizada uma encomenda diária ao final da manhã e ao final da tarde dos dias úteis, que visa repor os artigos que foram vendidos ao longo do dia. A encomenda direta realiza-se mediante visitas periódicas dos representantes dos variados laboratórios, sendo adquiridas normalmente grandes quantidades de medicamentos genéricos, medicamentos de elevada rotação, acessórios e produtos de dermocosmética. Em regra estas encomendas vêm associadas a benefícios económicos, pelo que se torna vantajoso adquirir estes produtos para manter stocks a longo prazo. 3.2.2 Rotação de stock A utilização do sistema informático Sifarma 2000 permite uma rápida visualização do estado de vendas de um produto e da sua rotação. Para cada produto é definido um valor de stock mínimo e máximo, pelo que ao ser atingido o valor mínimo, o dito produto entra automaticamente na encomenda diária. O conhecimento da rotação de um produto e a estimativa do número de unidades vendidas mensalmente é um grande auxílio no momento de realizar uma encomenda direta a um laboratório. 3.2.3 Receção e Conferência A receção de encomendas foi das primeiras atividades que realizei durante o meu estágio, o que me permitiu uma maior familiarização dos nomes comerciais dos medicamentos e um maior conhecimento dos variados produtos que estão à venda na farmácia. A receção e a posterior conferência das encomendas é um processo que deve ser realizado com a máxima atenção, uma vez que é necessário ter em conta as unidades de produtos que chegam à farmácia, os prazos de validade e os preços praticáveis em cada um, nomeadamente na determinação das margens dos produtos de venda livre2,3. Finalizada a receção, é conferido o preço de venda à farmácia (PVF) de cada produto, de modo a obter o valor apresentado na fatura enviada pelo fornecedor. Esta fatura identifica cada produto entregue na farmácia, a quantidade que foi pedida e a que foi enviada e os correspondentes preços de venda autorizado (PVA), preço de venda ao público (PVP) e preço de venda à farmácia (PVF). Os produtos que 4 foram pedidos mas que não foram entregues também constam na fatura, acompanhados da situação em que se encontram (esgotados, em falta ou sob consulta). 3.2.4 Armazenamento Após a receção dos produtos é necessário proceder ao seu armazenamento. Esta tarefa também tem a sua importância, uma vez que um armazenamento correto permite uma maior segurança e rapidez na dispensa. Durante o meu período de estágio efetuei por diversas vezes esta atividade, o que também contribuiu para o maior conhecimento dos produtos existentes na farmácia e sua localização. Os medicamentos da FC são armazenados num armário de gavetas, separadas de acordo com a forma farmacêutica (comprimidos, supositórios, cremes e pomadas, gotas, pós, líquidos e emplastros), havendo também distinção para os medicamentos de uso veterinário, para os repelentes e para os produtos de uso capilar. Dentro desta organização, segue-se o armazenamento seguindo a ordem alfabética por nome comercial ou por DCI (no caso de medicamentos genéricos) e seguidamente por dosagem e número de unidades. Os dispositivos médicos, os chás e os xaropes são guardados em estantes rotativas, devidamente identificadas. Em todos os casos, os produtos com prazos de validade mais curtos são colocados à frente dos restantes, de acordo com a regra First Expired, First Out (FEFO). Os produtos excedentes são colocados no armazém, seguindo a mesma organização por tipo de produto, ordem alfabética e prazo de validade. A FC possui ainda um frigorífico para o armazenamento dos produtos que requerem temperaturas mais frias, nomeadamente as vacinas e as insulinas, possibilitando uma conservação segura destes produtos4. 3.2.5 Controlo dos prazos de validade e conferência física dos stocks A farmácia não pode fornecer produtos que excedam o prazo de validade, uma vez que o teor de substância ativa vai sendo perdido, comprometendo a eficácia do medicamento5. Para além de um primeiro controlo realizado durante a receção das encomendas, no início de cada mês é elaborada, a partir do sistema informático, uma lista dos medicamentos com prazo de validade a expirar no mês seguinte, de modo a serem recolhidos e devolvidos ao fornecedor. 5 Esta listagem também permite efetuar uma verificação física dos stocks, de maneira a ver se coincidem com os stocks informáticos. Ao longo do meu estágio deparei-me com várias discrepâncias neste campo, quer por defeito, quer por excesso, procedendo imediatamente à correção dos stocks no Sifarma 2000. 3.2.6 Devoluções Durante o meu estágio deparei-me com várias situações que exigem a devolução dos produtos aos fornecedores, nomeadamente a existência de produtos com prazo de validade expirado ou perto do fim, erros nas faturas (produtos trocados ou envio de produtos não encomendados) e embalagens danificadas. A devolução é realizada no sistema informático, que emite uma Guia de Devolução. Caso os produtos sejam aceites pelo fornecedor, este envia uma Nota de Crédito para a farmácia. Se a devolução não for aceite, os produtos voltam a ser recebidos e são submetidos para Quebras. 3.2.7 Matérias-primas e reagentes A preparação de manipulados na FC é uma atividade que apesar de existir não é muito realizada, pelo que a aquisição de matérias-primas é apenas efetuada quando surge uma receita por parte de um utente. As matérias-primas são acompanhadas de um boletim de análises que comprova que estas satisfazem as exigências da monografia respetiva. No ato da receção o farmacêutico deverá verificar a concordância do boletim de análise com as especificações previstas, garantindo a qualidade do produto. As matérias-primas são armazenadas no laboratório, de acordo com as necessidades de conservação5. 4. Dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica De acordo com a Legislação Farmacêutica, os medicamentos são classificados, quanto à dispensa ao público, em: Medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) e medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM)6. 4.1 Receita médica A receita médica é um documento essencial para a dispensa de MSRM, pelo que a sua interpretação e conferência é uma atividade de elevada importância na 6 farmácia. Durante o meu estágio aprendi a verificar a presença dos elementos necessários para que a receita seja válida: a) número da receita; b) identificação e assinatura do médico prescritor; c) identificação do utente; d) entidade financeira responsável; e) data de prescrição; f) DCI da substância ativa; g) Dosagem, forma farmacêutica, tamanho e número de embalagens7. Quanto à validade, as receitas podem ser classificadas em dois tipos. Uma receita não renovável dispõe de 30 dias de validade, enquanto uma receita renovável é acompanhada de mais duas vias, válidas por 6 meses a partir da data de emissão, de forma a facilitar o acesso aos medicamentos de tratamento prolongado7. Cada receita médica pode ter até quatro embalagens, até quatro medicamentos distintos. Por cada medicamento apenas podem ser prescritas duas embalagens, excetuando os medicamentos em forma unitária, que têm o limite de quatro embalagens por receita7. As receitas médicas são prescritas por Denominação Comum Internacional (DCI), como incentivo à utilização de medicamentos genéricos e ao uso racional dos medicamentos. A prescrição pode incluir a designação comercial do medicamento quando não exista medicamento genérico comparticipado para a substância ativa em questão ou quando haja justificação técnica do prescritor7. As receitas eletrónicas são de carácter obrigatório, podendo excecionalmente realizar-se por via manual, nas situações devidamente identificadas: a) Falência do sistema informático; b) Inadaptação fundamentada do prescritor; c) Prescrição ao domicílio e d) Outras situações até um máximo de 40 receitas por mês7. 4.2 Dispensa A dispensa de medicamentos foi uma atividade que observei e realizei durante o meu estágio e que considero uma das mais importantes no processo de aprendizagem. Após receber a receita médica e comprovar a sua validade, selecionava o medicamento, de acordo com a preferência do utente ou indicação do prescritor, tentando sempre dispensar o medicamento habitual em casos de tratamento crónico. Na seleção do medicamento prestava especial atenção à dosagem e ao tamanho da embalagem, de modo a evitar erros. Em caso de dúvida, a receita eletrónica permite a leitura do código de barras, de forma a comprovar se o medicamento dispensado corresponde ao prescrito. A dispensa de MSRM em receitas prescritas por via manual tornava-se uma tarefa mais difícil, quer pela inexistência deste código, quer pela 7 caligrafia muitas vezes ilegível, pelo que por vezes tinha de recorrer à ajuda dos meus colegas. 4.3 Aconselhamento farmacêutico. Informação oral e escrita O aconselhamento é uma das principais responsabilidades do farmacêutico, exercendo um papel importante no estabelecimento de uma relação de confiança com o utente. Para além de trazer benefícios aos utentes, esta atividade proporciona também um maior reconhecimento para a nossa profissão. De acordo com as Boas Práticas de Farmácia, “o farmacêutico deve informar e aconselhar o utente sobre o uso correto dos medicamentos, de modo a maximizar o resultado terapêutico”3. Deste modo, no momento da dispensa da medicação é importante esclarecer qualquer dúvida do utente quanto à terapêutica, no que concerne ao modo de utilização, posologia, contraindicações ou aparecimento de efeitos adversos. Pode ser ainda cedida informação relativa a cuidados de saúde ou de higiene, com vista a complementar a terapêutica farmacológica ou prevenir complicações. A linguagem adotada durante o diálogo deve ser simples, clara e adequada ao nível sociocultural do utente3. Além da comunicação oral, a informação transmitida pelo farmacêutico pode ser reforçada por escrito, método ao qual recorri várias vezes durante o meu estágio, quer por pedido do utente, quer por reconhecimento de dificuldades de compreensão. 4.4 Medicamentos genéricos Os medicamentos genéricos são equivalentes terapêuticos de um medicamento originador cujo direito de propriedade industrial caducou, possuindo a mesma composição qualitativa, quantitativa e forma farmacêutica8. A comercialização destes medicamentos genéricos torna-se mais económica por não ter de suportar os custos de marca, que em geral expiram num período aproximadamente de vinte anos9. A vantagem do preço mais acessível também traz desconfiança a vários utentes, que julgam que “o medicamento não faz nada”. Durante o meu estágio deparei-me com diversas situações em que o utente optou por um medicamento consideravelmente mais caro, apesar dos esclarecimentos que lhe foram fornecidos por mim e pelos meus colegas. Por outro lado, observei uma maior adesão aos medicamentos genéricos por parte dos utentes mais idosos e polimedicados. 8 4.5 Regimes de comparticipação A comparticipação dos medicamentos aos utentes do Sistema Nacional de Saúde (SNS) realiza-se mediante um sistema de escalões predeterminados (A, B, C e D), em que o Estado paga parte do preço do medicamento, consoante a sua classificação farmacoterapêutica10,11. Para além do SNS, que abrange a maior parte dos utentes, conheci durante o estágio outras entidades, como o Serviço de Assistência Médico-Social (SAMS), Portugal Telecom (PT) ou Sãvida (Medicina Apoiada, EDP). A existência de situações especiais, relacionadas com determinadas doenças ou medicamentos levou à criação de um Regime Especial de Comparticipação, para aqueles utentes que obtenham condições de doentes profissionais, doentes crónicos e pensionistas. Para que haja uma comparticipação acrescida, é necessário que o médico prescritor indique na receita o respetivo despacho, decreto-lei ou portaria. Também pude contactar com protocolos de colaboração com o Ministério da Saúde, como é o caso do Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes, para uma melhoria da autovigilância do controlo metabólico e da administração da insulina12. 4.6 Medicamentos sujeitos a receita médica especial – Psicotrópicos e Estupefacientes Devido à ação direta que exercem sobre o Sistema Nervoso Central, os medicamentos psicotrópicos e os estupefacientes desempenham um papel extremamente importante na terapêutica de várias patologias, quando utilizados de forma correta e seguindo as normas clínicas. De forma a combater o tráfego ilícito, ao qual estão muito associados, constituem um dos grupos de substâncias mais controlados do mundo. Durante o meu estágio na FC pude assistir e realizar em diversas ocasiões a receção e a dispensa deste género de medicamentos de controlo apertado. A aquisição dos psicotrópicos e estupefacientes é realizada juntamente com os restantes produtos, sendo enviada uma guia de requisição própria, que deve ser assinada e carimbada pelo Diretor-Técnico. Uma cópia dos registos de entradas e saídas, assim como o balanço de entradas/saídas deve ser enviado trimestralmente ao INFARMED. Anualmente é enviado o registo de entradas de benzodiazepinas, juntamente com o mapa de balanço de entrada e saída destes medicamentos13. No momento da dispensa é necessário proceder ao preenchimento de um formulário disponibilizado pelo Sifarma 2000, no qual 9 consta a identificação do médico prescritor, do utente e do adquirente. No final são emitidos dois documentos que devem ser anexados à cópia da receita14. Devido ao controlo apertado exercido pelas autoridades competentes, a aquisição e a dispensa destes medicamentos deve ser uma tarefa realizada com elevado rigor e responsabilidade na farmácia comunitária. 4.7 Faturação e conferência de receituário A conferência de receituário é uma atividade realizada para detetar quaisquer erros que possam ter ocorrido no momento da dispensa dos medicamentos e que invalidem o pagamento da comparticipação do Estado à farmácia. No decorrer do meu estágio, procedi frequentemente à verificação do receituário e à sua organização por organismos e em lotes de 30 receitas, seguida da emissão do Verbete de Identificação do Lote. De forma a evitar uma acumulação de trabalho, o que pode proporcionar uma menor deteção de erros e um maior número de receitas devolvidas, tentei efetuar esta atividade diariamente, procedendo à correção imediata dos problemas encontrados. Os responsáveis pela dispensa de receitas com erros eram alertados de forma amigável, de maneira a estarem mais atentos para situações semelhantes que pudessem surgir no futuro. No final do mês procedíamos ao fecho dos vários organismos, para posteriormente serem enviados para a Associação Nacional de Farmácias (ANF) e para o Centro de Conferência de Faturação, onde é feita a verificação do receituário para vias de reembolso. As receitas devolvidas, ou seja, sem pagamento da comparticipação do Estado, eram recebidas pela farmácia no início do mês seguinte ao correspondente, onde procedíamos, caso se aplicasse, à sua correção para novo envio. 5. Dispensa de Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica e Automedicação Os MNSRM são aqueles que, segundo o Estatuto do Medicamento, se destinam ao tratamento ou prevenção de certas doenças que não requerem cuidados médicos, podendo ser adquiridos sem receita, estando daqui excluídos os medicamentos por via injetável6. Os MNSRM não são comparticipáveis (salvo em casos excecionais) e estão sujeitos a um regime de preços livre após a autorização de venda destes medicamentos fora das farmácias15,16. Cada vez são mais os utentes que se dirigem à farmácia e que solicitam especificamente um medicamento, quer oralmente, quer por apresentação da 10 embalagem, ou que procuram aconselhamento para a resolução de transtornos de saúde menores. A prática crescente da automedicação, ou seja, a utilização de MNSRM para alívio ou supressão de algumas queixas de saúde passageiras e sem gravidade, pode às vezes originar o uso incorreto dos medicamentos17. Deste modo, o farmacêutico deve inquirir o utente acerca da finalidade do medicamento, dos sintomas que apresenta e respetiva duração, para poder decidir qual a melhor alternativa de tratamento ou se há necessidade de recorrer ao médico. Durante o atendimento ao balcão pude concluir que a maioria dos MNSRM solicitados correspondia a medicamentos utilizados no tratamento de transtornos ligeiros, como alergias, obstipação, diarreia ou tosse. Um dos casos ocorreu enquanto atendia uma jovem que sofreu uma reação alérgica, na forma de prurido e vermelhidão na pele, em consequência da toma de Buscopan® para aliviar as dores menstruais. Após me ter informado sobre o ocorrido, aconselhei a toma de um anti-histamínico oral e a aplicação de Fenistil® na zona da pele afetada, orientando-a para uma consulta médica, em caso de persistência dos sintomas após a terapêutica. Noutra ocasião, atendi um senhor que tinha acabado de ser mordido por um cão, encaminhando-o de imediato para o hospital ou centro de saúde, visto que se tratava de uma situação de maior gravidade. 6. Dispensa de outros produtos farmacêuticos 6.1 Medicamentos veterinários Um medicamento veterinário é “todo o medicamento destinado a animais” e obedece aos mesmos requisitos de produção, introdução no mercado, distribuição e armazenamento dos medicamentos de uso humano, não sendo alvo de comparticipação18. Como a FC está situada no centro da cidade, a procura destes produtos destinase a animais domésticos, nomeadamente a cães e a gatos, sendo os antiparasitários os produtos mais vendidos. Os medicamentos para uso veterinário estão armazenados numa gaveta própria e devidamente identificada. Durante o estágio deparei-me com um caso em que dispensei MNSRM destinados a uma cadela que realizava ciclos de quimioterapia, por indicação do médico veterinário. 11 6.2 Produtos cosméticos e de higiene corporal Um produto cosmético é “qualquer substância ou preparação destinada a ser posta em contacto com as diversas partes superficiais do corpo humano, designadamente epiderme, sistemas piloso, capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos, ou com os dentes e as mucosas bicais, com a finalidade de, exclusiva ou, principalmente, os limpar, perfumar, modificar o seu aspeto, proteger, manter em bom estado ou de corrigir os odores corporais”19. Nesta classificação não se incluem os produtos destinados ao tratamento de afeções dermatológicas, que podem ser considerados por vezes MSRM. Os produtos cosméticos e de higiene corporal são, na sua maioria, expostos de forma visível, sendo as marcas mais trabalhadas a Avène, a Vichy, a Uriage, a ISDIN e a Klorane. No decorrer do meu estágio tive a oportunidade de orientar os utentes que me pediram aconselhamento na escolha de protetores solares, cremes hidratantes ou cremes antirrugas, sendo este o tipo de produtos mais vendido nesta categoria. 6.3 Produtos homeopáticos e fitoterapêuticos Um medicamento homeopático é “obtido a partir de substâncias ou matériasprimas homeopáticas”, cuja preparação envolve a utilização de quantidades mínimas de substâncias ativas, obtidas através de diluições e dinamizações sucessivas6. Na FC os medicamentos homeopáticos constituem uma porção mínima do stock de produtos existentes, não sendo relevantes para as vendas da farmácia. Os produtos fitoterapêuticos são preparados a partir de plantas medicinais e são utilizados para o tratamento de patologias ou como complemento de outras terapêuticas. A FC dispões de vários produtos fitoterapêuticos, sob a forma de chás ou infusões e de suplementos alimentares, maioritariamente destinados à regulação do trânsito intestinal ou ao emagrecimento. O chá Bekunis®, o chá Midro® e o Agiolax® foram, durante o meu estágio, alguns dos produtos mais procurados pelos utentes. 6.4 Alimentação especial; Suplementos alimentares e vitamínicos De acordo com a legislação em vigor, a alimentação especial é composta por géneros alimentícios sujeitos a composição especial ou a processos especiais de fabrico que são adequados ao objetivo nutricional pretendido20. Deste grupo faz parte a alimentação para os lactentes ou crianças de pouca idade em bom estado de saúde. Na 12 FC o leite especial é particularmente procurado pelas suas propriedades anti regurgitantes, hipoalergénicas, anti obstipantes ou de transição. Também os produtos hipercalóricos e hiperproteicos da gama Fortimel® são responsáveis por grande parte das vendas deste grupo, destinando-se a situações de perda de peso, pós-operatório ou gravidez. Os suplementos alimentares são alvos de grande procura, nomeadamente os multivitamínicos, como o Centrum®, o Cerebrum® ou o Memofante, normalmente para fortalecer a memória em idosos ou jovens estudantes. Durante o estágio fui várias vezes abordada por pessoas idosas que desejavam algo que lhe diminuísse o cansaço e estimulasse a memória, tendo o meu aconselhamento passado por este tipo de produtos. 6.5 Produtos de puericultura e de obstetrícia A FC dispõe de vários produtos de puericultura, maioritariamente da marca Chicco® e PlanetBaby®, como chupetas, tetinas, biberons, fraldas, escovas de cabelo e brinquedos. Os cremes hidratantes para bebé da Mustela® e da Klorane® são produtos também muito procurados pelos pais. Quanto à obstetrícia, os soutiens de amamentação e as cintas de pré e pós parto são os produtos sobre os quais recai uma maior procura, assim como os cremes para estrias da marca Barral®. Nesta área, o farmacêutico deve assegurar a segurança dos produtos para o bebé e proporcionar um maior conforto e tranquilidade aos pais. 6.6 Produtos de higiene bucal Muitas vezes os utentes dirigem-se à farmácia à procura de produtos de higiene bucal ou para obter aconselhamento acerca de qualquer afeção bucal, como aftas ou estomatites. Os dentífricos para gengivas sensíveis ou prevenção de cáries da Elgydium®, escovas de dentes para as crianças ou colutórios antibacterianos da marca Eludril® ou Listerine® foram alguns dos produtos mais procurados pelos utentes durante o meu estágio. Também os cremes fixadores de próteses da Corega® eram muito vendidos aos utentes mais idosos, assim como os escovilhões para os portadores de aparelhos ortodônticos. 13 Durante o meu estágio pude aconselhar por diversas ocasiões a escolha do produto mais adequado, sendo muitas vezes os turistas de nacionalidade inglesa que passavam pela farmácia os utentes que mais recorriam a estes artigos. 6.7 Dispositivos médicos Um dispositivo médico é “qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo utilizado isoladamente ou em combinação (…) a ser utilizado em seres humanos para fins de diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença, de uma lesão ou de uma deficiência, estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico e controlo da conceção”21. Na FC é possível encontrar variados dispositivos médicos, sendo os pulsos e pés elásticos, as seringas, os sacos coletores de urina, as cintas de compressão abdominal, as fraldas, as meias de compressão e o material de penso os produtos com maior destaque. Visto tratarem-se de importantes instrumentos de saúde, o farmacêutico deve ter um bom conhecimento dos dispositivos médicos disponíveis e da sua correta utilização, para que o utente possa beneficiar completamente deste mecanismo não farmacológico. 6.8 Medicamentos manipulados Um medicamento manipulado define-se como “qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal preparado e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico” 22 . Atualmente ainda persistem razões para a prescrição e preparação de medicamentos manipulados devido, quer à inadequação dos medicamentos produzidos industrialmente às necessidades farmacoterapêuticas de doentes específicos, quer à inexistência de certos produtos disponibilizados pela indústria farmacêutica. Os doentes alérgicos a excipientes como conservantes ou antioxidantes, intolerantes à lactose, com deficiências enzimáticas congénitas e os doentes pediátricos são os que mais beneficiam da preparação e dispensa de medicamentos manipulados na farmácia, por se adequarem ao seu perfil fisiopatológico individual. A manipulação na área de Dermatologia também proporciona grandes vantagens, permitindo a personalização da terapêutica para cada doente23. A FC dispõe de um pequeno laboratório devidamente equipado para a preparação de medicamentos manipulados. Como não é uma área com muita procura, durante o meu estágio assisti apenas à preparação vaselina salicilada, destinada ao 14 tratamento de calosidades e calcanhares gretados. O preço de venda ao público é calculado na farmácia, com base no valor dos honorários, das matérias-primas e dos materiais de embalagem24. Após ser preparado, o medicamento é devidamente acondicionado e rotulado. Os medicamentos manipulados são comparticipados em 30% pelo SNS caso constem da lista em vigor, aprovada pelo INFARMED, I.P25. 7. Cuidados Farmacêuticos e Serviços de Saúde Os cuidados farmacêuticos são muitos e variados, desde ajudar os utentes a compreender a importância da toma adequada dos medicamentos, incluindo o momento mais indicado da toma e interações possíveis com alimentos, até à monitorização do tratamento para verificar a sua efetividade e a ocorrência de reações adversas26. O principal objetivo é auxiliar os utentes a obterem o máximo benefício da medicação e melhorar a sua qualidade de vida, sendo particularmente importante nos doentes crónicos polimedicados. Os utentes procuram frequentemente este tipo de serviços farmacêuticos, pelo que é muito importante que os farmacêuticos sejam aptos a responder a esta procura. 7.1 Pressão arterial A hipertensão arterial (HTA) é um reconhecido fator de risco para as doenças cardiovasculares e afeta grande parte da população portuguesa. A medição da pressão arterial (PA) é uma ferramenta útil na sua monitorização e no diagnóstico, pelo que a FC possui um tensiómetro de braço automático, a ser utilizado de forma gratuita. Durante o estágio efetuei a medição da pressão arterial como autocontrolo em utentes já diagnosticados como hipertensos e em situações de tonturas ou de um malestar de origem desconhecida (Tabela 2). Quando os valores eram ligeiramente mais elevados do que os ideais aconselhava o utente a adotar uma alimentação mais saudável e a praticar exercício físico e, caso se aplicasse, a tomar a medicação prescrita de forma correta. Durante um atendimento na noite de serviço da FC, efetuei a medição da pressão arterial a uma idosa que vinha acompanhada da família, queixando-se de mal-estar. Os valores obtidos no tensiómetro foram tão elevados que optei por encaminhar de imediato a doente para as urgências do hospital. 15 Tabela 2 - Valores de referência na medição da pressão arterial 27 Classificação PA sistólica (mmHg) PA diastólica (mmHg) Normal <120 <80 Normal elevado 120-139 80-89 Hipertensão arterial ≥ 140 ≥ 90 130 80 Doente diabético ou com insuficiência renal crónica 7.2 Parâmetros bioquímicos Na FC é possível efetuar a medição da glicemia e do colesterol total, recorrendo a um equipamento semiautomático e através de punção capilar. A maior parte dos utentes utiliza este serviço como medida de controlo para casos já diagnosticados, sendo poucos os que o utilizam como rastreio. A medição dos parâmetros bioquímicos deve ser acompanhada de um aconselhamento farmacêutico, incentivando uma alimentação saudável, a prática regular de exercício físico, o controlo do peso corporal e a adesão à terapêutica instituída, de acordo com os valores obtidos (Tabela 3). Tabela 3 - Valores de referência de glicemia e de colesterol total Valores de referência 28,29 Glicemia Colesterol Total Jejum: <126 mg/dL Pós-prandial: <200 mg/dL <190 mg/dL 7.3 Administração de vacinas e medicamentos injetáveis Para uma maior promoção da saúde e do bem-estar dos utentes, a farmácia pode administrar vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação (PNV) e outros medicamentos injetáveis30. Durante o meu estágio verifiquei que são muitos os utentes que recorrem a este serviço, por ter um acesso mais imediato e fácil do que o centro de saúde, demonstrando a relação de confiança estabelecida com o farmacêutico como profissional de saúde. 16 7.4 VALORMED e recolha de radiografias A criação da VALORMED em 1999, resultante da colaboração entre a Industria Farmacêutica, distribuidores e farmácias, veio responder ao desafio de implementar um sistema autónomo para a recolha e tratamento dos resíduos dos medicamentos, evitando que estes estejam "acessíveis" como qualquer outro resíduo urbano31. A VALORMED recolhe resíduos de embalagens e medicamentos (SIGREM), nomeadamente resíduos de medicamentos fora de prazo ou não utilizados e materiais utilizados no acondicionamento e embalagem (cartonagens vazias, folhetos informativos, ampolas, etc) através de contentores instalados nas farmácias. Uma vez cheios, os contentores são selados por um funcionário da farmácia e entregues aos armazenistas, sendo mais tarde transportados para um Centro de Triagem. Por cada contentor recolhido é entregue à farmácia uma ficha verde, que deve ficar arquivada durante um período de dois anos32. A farmácia Cardoso dispõe também de sacos de recolha de radiografias com mais de 5 anos ou sem valor de diagnóstico no âmbito da campanha anual da AMI (Assistência Médica Internacional). A prata extraída das radiografias é vendida para obter fundos que auxiliam a AMI continue no seu trabalho humanitário em Portugal e no estrangeiro33. 17 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 18 8. Avaliação do consumo de antidislipidémicos e a Importância do Aconselhamento Farmacêutico na Hipercolesterolemia 8.1 Introdução As doenças cardiovasculares constituem a causa de morte mais relevante na Europa, incluindo em Portugal (Figura 3), sendo também responsáveis por elevada morbilidade e invalidez. Destas doenças são de destacar a doença isquémica do coração (DIC), manifestada pelo enfarte agudo do miocárdio (EAM) e a doença cerebrovascular (DCV), que inclui o acidente vascular cerebral isquémico (AVC). A elevada taxa de mortalidade é favorecida pela alta prevalência nacional dos fatores de risco das doenças cardiovasculares, pelo que é necessária uma atenção especial à sua efetiva prevenção, deteção e correção34,35. O prevalecimento da HTA, o abuso de álcool, a ingestão de calorias excessivas e a diabetes mellitus, acrescido da falta de atividade física da população criam um meio propenso para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares que podem ser letais35. Figura 2 - Principais causas de morte em Portugal (1988-2011)36 Nas últimas duas décadas tem havido uma diminuição progressiva das taxas de mortalidade destas doenças, resultado da adoção de medidas preventivas e da melhoria da correção dos fatores de risco modificáveis, bem como do diagnóstico e do tratamento 19 do AVC e do EAM36. Em Portugal o grupo terapêutico que apresenta maior nível de consumo é o dos medicamentos cardiovasculares. Entre 2000 e 2011 ocorreu um aumento significativo da utilização destes fármacos, especificamente no que toca ao consumo de anti hipertensores e antidislipidémicos (Figura 3)34. Figura 3 - Evolução da utilização de medicamentos do aparelho cardiovascular (2000-2011)34 Há uma relação cientificamente comprovada entre as hiperlipidemias e as várias manifestações clínicas da doença aterosclerótica, assim como o seu agravamento acelerado pela associação com o tabagismo, diabetes mellitus ou HTA. No entanto, a redução e controlo das dislipidemias são capazes de promover a regressão ou a estabilização das placas ateroscleróticas, contribuindo para a redução da morbilidade e da mortalidade cardiovascular nestes doentes35. Apesar de, hoje em dia, grande parte da população reconhecer a necessidade de introduzir alterações nos seus comportamentos de risco, esta continua a recusar fazer correções alimentares, a deixar de fumar ou reduzir o álcool, a não controlar os níveis de colesterol e de glicemia no sangue e continua a não se submeter a exames periódicos de saúde. Por este motivo cabe aos farmacêuticos e aos outros profissionais de saúde a sensibilização permanente para a adoção de um estilo de vida mais saudável e para a prevenção dos comportamentos de risco, com o objetivo de ajudar a reduzir a incidência das doenças cardiovasculares35. 8.2 Lipoproteínas plasmáticas As lipoproteínas (Figura 4) são conjuntos macromoleculares constituídos por lípidos e proteínas. Os componentes lipídicos incluem o colesterol, os triglicerídeos (TG) e os fosfolípidos, servindo como fontes de energia e como precursores para vários 20 compostos essenciais ao organismo. Os componentes proteicos, conhecidos como apolipoproteínas ou apoproteínas, mantêm a integridade estrutural das lipoproteínas, facilitam a solubilização dos lípidos e atuam como ligandos para os recetores37. Figura 4 – Constituição de uma lipoproteína38 As lipoproteínas podem ser classificadas de acordo com a sua densidade em cinco classes distintas, sendo o diâmetro da lipoproteína inversamente proporcional à sua densidade (Tabela 4). Os diferentes tipos de lipoproteínas existentes são: os quilomicra, as lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL), as lipoproteínas de densidade intermédia (IDL), as lipoproteínas de densidade baixa (LDL) e as lipoproteínas de densidade alta (HDL)37. Estas classes de lipoproteínas diferem relativamente ao diâmetro, à composição lipídica e em apolipoproteínas e às funções que exercem no organismo humano. Tabela 4 - Classificação das lipoproteínas e propriedades físicas37,38 Lipoproteína Densidade (g/mL) Diâmetro (nm) Local de síntese Quilomicra <0,96 75-1200 Intestino VLDL 0,96 – 1,006 30-80 Fígado IDL 1,006 – 1,019 25-35 Catabolismo das VLDL LDL 1,019 – 1,063 19-25 Catabolismo das IDL HDL 1,063-1,21 5-12 Fígado, intestino De forma simplificada, os quilomicra são responsáveis pela redistribuição dos lípidos da dieta pela corrente sanguínea; as VLDL estão encarregues do transporte dos TG do fígado para os tecidos extra-hepáticos; as LDL transportam o colesterol do fígado para os tecidos periféricos e as HDL recolhem o excesso de colesterol destes tecidos e transportam-no novamente para o fígado, onde pode ser excretado38. 21 8.3 Tipos de dislipidemias De acordo com a Fundação Portuguesa de Cardiologia, dislipidemia é “um termo usado para designar todas as anomalias quantitativas ou qualitativas dos lípidos no sangue”39. As dislipidemias podem ser classificadas segundo os padrões de elevação dos lípidos e das lipoproteínas através da classificação fenotípica de Frederickson (Tabela 5). Dependendo do lípido que se encontra em nível elevado, podem ser designadas de hipercolesterolemia (aumento do nível de colesterol), de hipertrigliceridemia (aumento isolado de triglicerídeos) ou de hipercolesterolemia mista (aumento de ambos os tipos de lípidos). De uma forma mais prática, as dislipidemias podem ser classificadas em primárias ou secundárias, de acordo com a etiologia. As primárias têm origem genética, como a hipercolesterolemia familiar, e as secundárias resultam de comportamentos de risco ou de doenças crónicas, como a diabetes mellitus40. Tabela 5 - Classificação fenotípica de Frederickson40 Fenótipo Lipoproteínas elevadas Lípidos elevados I Quilomicra TGs IIa LDL Colesterol IIb LDL e VLDL TGs e colesterol III VLDL e quilomicra remanescentes TGs e colesterol IV VLDL TGs V Quilomicra e VLDL TGs e colesterol As dislipidemias não provocam sintomas, mas estão diretamente associadas à ocorrência de eventos cardiovasculares, pelo que o seu diagnóstico e controlo assumem uma grande importância40. 8.4 Relação entre dislipidemias e risco cardiovascular Fortes evidências científicas correlacionam a presença de dislipidemias e de doença aterosclerótica com a ocorrência de doença cardíaca coronária (Figura 5)40-42. Vários estudos epidemiológicos sugerem também a hipercolesterolemia e a 22 aterosclerose como fatores de risco para o desenvolvimento de acidentes vasculares cerebrais41. Figura 5 – Acumulação de gordura e bloqueio da artéria coronária43 A doença aterosclerótica pressupõe a deposição de colesterol da parede arterial, no espaço subendotelial, pelo que a hipercolesterolemia pode ser encarada como o principal fator de risco. Os triglicerídeos estão também relacionados com um maior risco de doença coronária, apesar do mecanismo não estar ainda esclarecido42. A entrada de colesterol nas células deve-se à presença de recetores LDL (LDLR) que provocam a endocitose das partículas de LDL. Quando há um excesso de colesterol, a partícula mantém-se em circulação durante um período de tempo mais longo, tornando-se vulnerável à oxidação. São estes lípidos oxidados que estão relacionados com o desenvolvimento de aterogénese, pois levam à formação de células foam (macrófagos carregados de lípidos), que participam em respostas inflamatórias44. A associação das partículas de LDL com a formação das placas ateroscleróticas levou a que o colesterol LDL ficasse conhecido como o “mau colesterol”. Pelo contrário, vários estudos epidemiológicos demonstraram uma relação inversa entre a concentração de HDL e a ocorrência de doença coronária. O HDL não é reconhecido pelos LDL-R e não pode distribuir o colesterol pelos tecidos. Na verdade, a sua função é remover o excesso de colesterol periférico e transportá-lo para o fígado, onde sofre excreção biliar. Este processo, designado de transporte reverso do colesterol, protege contra a formação de aterogénese, pelo que o HDL é conhecido como o “bom colesterol”38, 45. A avaliação do perfil lipídico é aconselhável em todos os adultos a partir dos vinte anos e este deve incluir o doseamento do colesterol total, do C-HDL e dos triglicerídeos, após um jejum de 12h. Com base nestes valores é possível a determinação do C-LDL 23 (Tabela 6) e do índice aterogénico (CT/C-HDL; se este for abaixo de 5, o indivíduo não necessita de tratamento farmacológico)42. Tabela 6 - Determinação do colesterol LDL pela fórmula de Friedewald42 Unidades Fórmula Convencional (mg/dL) C-LDL = CT – C-HDL – (TG/5) Sistema Internacional (mmol/l) C-LDL = CT – C-HDL – (TG/2,2) A Organização Mundial de Saúde constatou que mais de três quartos da mortalidade por doenças cardiovasculares poderia ser evitada por alterações no estilo de vida. Os valores de colesterol considerados atualmente como objetivos terapêuticos estão definidos na Tabela 7. Para indivíduos com risco cardiovascular elevado, como os portadores de diabetes mellitus, os valores devem ser mais baixos, não ultrapassando os 175 mg/dL de colesterol total e os 100 mg/dL de colesterol LDL46. Não foram definidos objetivos terapêuticos específicos para o colesterol HDL e para os triglicerídeos, mas concentrações de C-HDL inferiores a 40mg/dL nos homens e a 45 mg/dL nas mulheres e níveis de triglicerídeos plasmáticos em jejum superiores a 150mg/dL são indicadores de risco cardiovascular aumentado47. Tabela 7 - Valores terapêuticos de colesterol e triglicerídeos46 Valores terapêuticos (mg/dL) Colesterol Total <190 Colesterol LDL <115 Colesterol HDL Triglicerídeos Homens: >40 Mulheres: >45 <150 A possibilidade de complicações cardiovasculares não depende apenas de um elemento alterado, mas resulta da concomitância de outros fatores de risco que potenciam esta eventualidade por efeito sinérgico. O risco de doença cardiovascular resulta, portanto, do somatório do risco causado por cada um dos fatores de forma isolada, acrescido dos sinergismos possíveis entre estes fatores. Atualmente recorre-se à grelha desenvolvida no projeto SCORE (Systematic Coronary Risk Evaluation), sendo possível calcular a probabilidade de ocorrência de um evento cardiovascular em função do número e da intensidade dos fatores de risco apresentados pelo indivíduo (Anexo 1)42,46. 24 A análise da grelha SCORE torna evidente a necessidade do controlo dos fatores de risco modificáveis como ferramenta imprescindível para reduzir o risco cardiovascular e prevenir as complicações fatais e não fatais associadas a este tipo de doenças. Este controlo pode ser feito por mudanças no estilo de vida (alimentação saudável, interrupção dos hábitos tabágicos, exercício físico regular e controlo do peso corporal) ou, caso não seja suficiente, por recurso a medidas farmacológicas48,49. 8.5 Tratamento farmacológico das dislipidemias A prevalência dos fatores de risco das doenças cardiovasculares é bem evidenciada pelo aumento do nível de consumo dos medicamentos antihipertensores e antidislipidémicos que foi referido anteriormente. No âmbito deste trabalho irei apenas abordar a terapêutica dislipidémica. As intervenções farmacológicas reduzem o risco de eventos cardiovasculares e permitem o prolongamento da vida, devendo a sua introdução ter por base a avaliação do risco cardiovascular global47. A diminuição do colesterol, principalmente do LDL, é um dos aspetos fundamentais na prevenção cardiovascular50. Existem vários fármacos disponíveis para o tratamento das dislipidemias, que exercem efeitos diferentes sobre o perfil lipídico, consoante o mecanismo de ação praticado: as estatinas, o ácido nicotínico, os fibratos, as resinas sequestradores de ácidos biliares e a ezetimiba47. Tabela 8 - Fármacos antidislipidémicos e respetivos efeitos no perfil lipídico47 Fármaco C-Total C-LDL C-HDL TG Estatinas 15-30% 18-55% 5-15% 7-30% Ác. Nicotínico 25% 5-25% 15-35% 20-50% Fibratos 15% 5-20% 10-20% 10-50% Resinas 20% 15-30% 3-5% ou Ezetimiba ____ 18% 1% 8% 8.5.1 Estatinas O advento das estatinas revolucionou a terapêutica hipolipemiante, sendo um dos grupos farmacológicos mais prescritos na atualidade50. A sua grande utilização deve-se não só à segurança e eficácia na redução dos níveis de colesterol das LDL, mas também na redução dos eventos cardiovasculares47. 25 O mecanismo de ação das estatinas envolve a inibição da redutase da HMGCoA (hidroximetilglutaril-CoA redutase), fundamental para a síntese de mevalonato, provocando uma redução da formação de colesterol (Anexo 2)47,50. Por consequência, há uma menor disponibilidade de colesterol para incorporação celular, resultando em menor incorporação lipídica nos macrófagos e menor progressão das placas de aterosclerose50. As estatinas apresentam também vários efeitos pleiotrópicos, ou seja, ações que divergem daquelas para que inicialmente foram desenvolvidas. Alguns destes efeitos são dependentes da diminuição do colesterol mas há outros que não estão associados à redução dos lípidos plasmáticos. Incluídas nas ações pleiotrópicas das estatinas estão: a melhoria da disfunção endotelial, o aumento da biodisponibilidade do óxido nítrico, propriedades antioxidantes, inibição da resposta inflamatória, efeitos imunomoduladores, ação antitrombótica e estabilização das placas ateroscleróticas. Estas propriedades assumem grande importância pelo sinergismo com o efeito de redução do colesterol na proteção cardiovascular50. A terapêutica com estatinas é geralmente bem tolerada e com poucos efeitos adversos. Pode ocorrer disfunção hepática, mas de forma ocasional e reversível, sendo dose dependente. Por serem fármacos de prescrição a longo prazo é extremamente importante conhecer as interações medicamentosas que surgem entre as estatinas e outros fármacos que partilhem a mesma via metabólica. As interações medicamentosas mais importantes dão-se com: fibratos, ciclosporina, digoxina, antibióticos macrólidos, antifúngicos azólidos, inibidores da protease e varfarina. Devido às diferenças farmacocinéticas entre as várias estatinas comercializadas, o grau de interação medicamentosa também difere entre os vários membros deste grupo farmacológico47. 8.5.2 Ácido nicotínico A niacina é capaz de reduzir o colesterol total, os triglicerídeos, as VLDL e as LDL, aumentando ainda os níveis plasmáticos de HDL. Utilizada de forma isolada ou em combinação, é ainda responsável por benefícios angiográficos e clínicos em doentes com doença coronária51. Os mecanismos de ação são essencialmente dois: modulação da síntese hepática dos triglicerídeos por inibição enzimática e modulação da lipólise dos triglicerídeos no tecido adiposo. Esta inibição da síntese dos triglicerídeos pode produzir diminuição da concentração de partículas VLDL, resultando numa menor formação dos produtos do seu catabolismo, as partículas LDL47. 26 Apesar de afetar favoravelmente todas as lipoproteínas e de prevenir a doença cardiovascular, a niacina é subutilizada devido ao seu efeito adverso mais frequente, o flush, caracterizado por calor, vermelhidão, prurido e/ou latejar, o que provoca uma baixa adesão à terapêutica por parte dos doentes47. 8.5.3 Fibratos O primeiro fibrato a ser introduzido no mercado foi o clofibrato, seguindo-se o gemfibrozil, o bezafibrato, o fenofibrato e o ciprofibrato. O tratamento com fibratos demonstra uma redução do risco de eventos cardiovasculares em prevenção primária e secundária. São principalmente indicados no tratamento da hipertrigliceridemia e da dislipidemia mista, visto que diminuem sobretudo a concentração de VLDL e aumentam as concentrações de HDL47. O mecanismo de ação envolve a estimulação dos recetores α ativados pelos proliferadores peroxissomais (PPAR-α), resultando no aumento da β-oxidação dos ácidos gordos no fígado e diminuição da produção de triglicerídeos e de VLDL52. Apesar de serem compostos bem tolerados e com uma baixa incidência de efeitos adversos, pode ocorrer miopatia e rabdomiólise, especialmente em associação com estatinas47. 8.5.4 Resinas sequestradoras dos ácidos biliares As resinas atuam no intestino delgado, impedindo a reabsorção dos ácidos biliares e aumentando a sua excreção intestinal. A diminuição das reservas a nível hepático vai provocar um aumento da conversão de colesterol em ácidos biliares53. A colestiramina e o colestipol são os principais fármacos desta classe, utilizada geralmente no tratamento das hipercolesterolemias em associação com as estatinas47. Como não exercem uma ação sistémica, os efeitos adversos são limitados ao trato gastrointestinal, o que os torna medicamentos de preferência no tratamento de crianças e grávidas hipercolesterolemicas. Infelizmente estes efeitos que incluem obstipação, diarreia, vómitos e flatulência são também responsáveis por uma fraca adesão à terapêutica47. 8.5.5 Inibidores seletivos da absorção do colesterol A ezetimiba inibe a absorção intestinal do colesterol e dos esteróis vegetais, por ação direta sobre a bordadura em escova do enterócito. A redução da absorção intestinal do colesterol leva a um decréscimo do seu aporte para o fígado, o que provoca 27 uma maior expressão dos recetores hepáticos das LDL, aumentando a depuração destas partículas47. Este fármaco não interfere com a absorção dos triglicerídeos e das vitaminas lipossolúveis, sendo usado sobretudo em associação com as estatinas para proporcionar uma maior redução dos níveis de LDL54. Contrariamente às resinas, a ezetimiba é absorvida e entra na circulação enterohepática, podendo ter efeitos sistémicos. No entanto, é muito melhor tolerada do que as resinas e de administração mais fácil47. 8.6 Consumo dos fármacos antidislipidémicos na Farmácia Cardoso Como já foi referido anteriormente, as estatinas são os medicamentos mais prescritos para o tratamento da hipercolesterolemia e o seu consumo tem aumentado nos últimos anos. Durante o meu estágio na Farmácia Cardoso procedi à avaliação do consumo dos fármacos antidislipidémicos, particularmente da classe das estatinas, nos últimos dois anos. Para este fim recorri aos dados obtidos pelo sistema informático Sifarma 2000, o que me possibilitou analisar a evolução do consumo destes medicamentos. A análise do número de embalagens vendidas dos vários fármacos antidislipidémicos entre 2012 e 2013 (Figura 6) foi concordante com a evolução destes medicamentos a nível nacional, tendo sido demonstrado o aumento esperado no consumo, particularmente das estatinas. Em termos globais, o número de embalagens vendidas dos fármacos antidislipidémicos foi também superior em 2013, com uma diferença de 243 unidades do ano anterior. Evolução do consumo de fármacos antidislipidémicos na FC 2013 2012 0 500 1000 1500 2000 2500 Ezetimiba Fibratos Estatinas 3000 3500 Figura 6 - Evolução do consumo dos fármacos antidislipidémicos na FC (2012-2013) 28 Em relação às estatinas, a evolução do consumo foi positiva apesar da diminuição de unidades vendidas de pravastatina e de rosuvastatina, contrabalançada pelo aumento da sinvastatina, da atorvastatina e da pitavastatina (Figura 7). Evolução do consumo de estatinas na FC 2000 1500 1000 500 0 Atorvastatina Fluvastatina Jabastatina Pitavastatina Pravastatina Rosuvastatina Sinvastatina 2012 2013 Figura 7 - Evolução do consumo de estatinas na FC (2012-2013) Através dos dados estatísticos recolhidos pelo INFARMED, foi possível comparar a evolução do consumo de várias estatinas disponíveis em Portugal, incluídas na lista das cem substâncias ativas com maior número de embalagens vendidas (Figura 8)55. Daqui pode observar-se que as quatro estatinas mais prescritas em Portugal são: a sinvastatina, a atorvastatina, a pravastatina e a rosuvastatina. Evolução do consumo de estatinas por substância ativa em Portugal (2005-2012) 4000000 3500000 3000000 2500000 2000000 1500000 1000000 500000 0 2005 2006 Sinvastatina 2007 2008 Atorvastatina 2009 2010 Pravastatina 2011 2012 Rosuvastatina Figura 8 - Evolução do consumo de estatinas por substância ativa em Portugal entre 2005 e 2012 29 A sinvastatina foi largamente a substância ativa mais dispensada, com um crescimento gradual bastante significativo. Na verdade, a sinvastatina tem sido, desde 2010, o medicamento mais vendido do SNS, sendo seguida pelo paracetamol55. Não obstante o decréscimo observado em 2008, a atorvastatina ocupou o segundo lugar relativamente ao número de embalagens dispensadas. A rosuvastatina tem expressado um aumento gradual desde a sua introdução no mercado, tendo alcançado a segunda posição no ranking das estatinas mais dispensadas entre 2009 e 2011. O consumo da pravastatina, apesar de crescente, não tem sido significativo, ocupando permanentemente a quarta posição no mercado nacional das estatinas. À semelhança da análise nacional, a sinvastatina é também a estatina mais vendida na FC (Figura 9). Os resultados do consumo de atorvastatina, rosuvastatina e pravastatina estão também de acordo com o estudo realizado do mercado português. Consumo das classes de estatinas em 2012 e 2013 Atorvastatina Fluvastatina Jabastatina Pitavastatina Pravastatina Rosuvastatina Sinvastatina Figura 9 - Consumo das classes de estatinas em 2012 e 2013 na FC 8.7 Importância do aconselhamento farmacêutico Dada a grande prevalência de hipercolesterolemia na população portuguesa e a grande dispensa de fármacos antidislipidémicos, é importante manter os utentes devidamente informados e esclarecidos. O farmacêutico assume um papel preponderante no desenvolvimento de medidas educativas para aumentar o conhecimento da população sobre esta patologia, para que esta fique mais consciencializada para os fatores de risco que apresenta e que medidas preventivas 30 deve tomar. Devido ao crescente consumo das estatinas e à relevância que apresentam na saúde pública, é também imperioso garantir o uso adequado destes fármacos, explicando ao utente a importância da adesão à terapêutica e os riscos cardiovasculares que podem advir de uma utilização imprópria. Durante o meu estágio foram distribuídos panfletos elaborados por mim aos utentes da FC, de maneira a proporcionar um maior aconselhamento e sensibilização para o tema (Anexo 3). Seguidamente serão descritos os pontos abordados nesta ação de consciencialização aos utentes: a. O que é o colesterol? O colesterol é uma gordura produzida pelo nosso organismo, essencial para a produção de células saudáveis. b. Tipos de colesterol LDL: Chamado de “mau” colesterol. Transporta as partículas de colesterol pelo organismo. HDL: É o colesterol “bom”; transporta as partículas de colesterol de volta ao fígado, removendo-o da circulação. c. Hipercolesterolemia Ocorre quando os níveis de colesterol estão demasiado altos. Formam-se depósitos de gordura nos vasos sanguíneos, o que dificulta a passagem do sangue, aumentando o risco de enfarte do miocárdio e de AVC. d. Causas e fatores de risco Tabaco: Deixar de fumar aumenta os níveis de HDL. Após 24h o risco cardiovascular diminui. Dentro de um ano, risco é metade do de um fumador. Após 15 anos, o risco é idêntico a alguém que nunca fumou. Obesidade: Um IMC superior a 30 contribui para o aumento dos níveis de colesterol. Dieta: Evitar gorduras trans e carnes vermelhas e preferir frutas, vegetais, peixe e alimentos ricos em cereais integrais. Beber álcool apenas em moderação. Sedentarismo: Praticar 30 minutos de exercício físico diariamente. Diabetes: Níveis elevados de glicemia aumentam o colesterol das LDL e diminuem o das HDL. HTA: A pressão arterial elevada danifica as artérias, acelerando a acumulação dos depósitos de gordura. 31 e. Sintomas e diagnóstico A hipercolesterolemia não apresenta sintomas, pelo que uma análise sanguínea é a única forma de detetar o nível de colesterol. f. Tratamento Medidas não farmacológicas: Alteração dos hábitos de vida, pela prática de exercício físico e de uma alimentação saudável. Medidas farmacológicas: Estatinas e fibratos. As estatinas atuam ao bloquear uma substância necessária para a produção do colesterol. Os fibratos podem ser usados quando os níveis de triglicerídeos estão elevados. g. Níveis desejáveis de colesterol Colesterol Total: <190 mg/dL Colesterol LDL: < 115 mg/dL 8.8 Discussão Apesar dos dados estatísticos obtidos da farmácia Cardoso não incluírem um largo período de tempo, devido à introdução do novo sistema informático em 2012, a avaliação do consumo das estatinas e dos restantes fármacos hipolipemiantes foi de encontro à avaliação nacional. O elevado aumento da utilização destes fármacos deveuse sobretudo ao grande incremento das estatinas, que são atualmente os fármacos de primeira linha no tratamento farmacológico das dislipidemias, por terem revelado uma grande eficácia tanto na prevenção primária como na secundária da doença cardiovascular. Os efeitos pleiotrópicos demonstrados podem também estar na base do aumento da sua utilização. Este perfil de consumo crescente torna evidente a relevância que os medicamentos hipolipemiantes têm na atualidade, demonstrando uma grande prevalência de dislipidemias na população portuguesa. Este facto é preocupante pelo risco de doenças cardiovasculares associado, pelo que se tentou consciencializar os utentes da FC, com o objetivo de esclarecer as dúvidas existentes e levar a um maior conhecimento dos fatores de risco a serem evitados. 32 8.9 Conclusão Não obstante a grande bibliografia disponível sobre as hipercolesterolemias e o risco cardiovascular, verifica-se ainda um grande desconhecimento ou indiferença por parte da população portuguesa. Dada a elevada prevalência de hipercolesterolemia e a sua estabelecida relação causal com várias patologias cardiovasculares, torna-se impreterível incentivar estratégias de prevenção e de utilização adequada do regime terapêutico. A ação realizada na FC permitiu aos seus utentes ganharem um maior conhecimento sobre esta patologia e sobre os riscos associados, caso mantenham hábitos de vida pouco saudáveis. Deste modo, estes puderam encontrar um espaço de aconselhamento e esclarecimento de dúvidas, tornando-se mais alertas e instruídos sobre esta temática. Por tudo isto, considero ter sido uma ação de extrema importância na promoção da saúde pública. A nível pessoal, esta atividade deu-me a oportunidade de desenvolver o aconselhamento farmacêutico, sendo este cada vez mais importante na farmácia comunitária, e permitiu-me ainda alargar os meus conhecimentos sobre os problemas dislipidemicos e cardiovasculares, que afetam extremamente a qualidade de vida de toda a população. 9. Caso Prático: Obstipação na gravidez 9.1 Introdução A obstipação ocorre quando há dor ou desconforto abdominal, associado a movimentos intestinais pouco frequentes. Infelizmente trata-se de uma situação muito comum durante a gravidez, que afeta cerca de metade das mulheres56. Durante o meu estágio deparei-me precisamente com um caso destes, em que uma mulher grávida recorreu à farmácia para que lhe fosse dispensado um laxante. Atendendo ao estado da senhora, perguntei-lhe se tinha consultado a obstetra para iniciar a terapêutica farmacológica, ao que me respondeu negativamente. Devido ao conhecimento de que alguns fármacos não têm segurança comprovada na gravidez e que alguns laxantes, em particular, podem ser perigosos para o feto, aconselhei-a a pedir opinião médica especializada. Nesse mesmo dia, a senhora regressou à farmácia para que lhe dispensasse Leite de Magnésia Phillips®, tendo sido recomendado pela obstetra. A senhora apresentou-se menos ansiosa do que anteriormente, referindo que estava “mais descansada” e que “tinha sido melhor assim”. 33 Foi este motivo, aliado à minha falta de conhecimento de laxantes seguros na gravidez e à pouca informação existente nesta área, que incentivou a minha intervenção através da elaboração de um panfleto, contendo conselhos úteis para esta patologia e alertando para a necessidade da supervisão médica durante a toma de medicamentos na gravidez (Anexo 4). 9.2 Etiologia A obstipação na gravidez pode surgir devido ao aumento da concentração de progesterona, que reduz as contrações do músculo intestinal, ou à pressão do útero expandido sobre o intestino. A toma de suplementos de ferro também pode ser um fator contribuidor56,57. 9.3 Prevenção e tratamento não farmacológico A obstipação pode ser evitada por adoção de pequenas mudanças do estilo de vida, tais como: a prática de exercício físico e a ingestão de grandes quantidades de líquidos e de fibras56-58. 9.4 Tratamento farmacológico A escolha do melhor tratamento para uma mulher grávida é problemática, sendo importante evitar uma exposição fetal arriscada que pode conduzir a situações mais graves. A Food and Drug Administration (FDA) definiu cinco categorias de medicamentos (A, B, C, D e X) com base no risco de teratogenicidade apresentado59. Os fármacos tomados durante a gravidez podem atravessar a placenta e afetar o feto, pelo que a prescrição de qualquer medicamento só deverá ocorrer quando os benefícios para a mãe forem superiores aos riscos para o feto60. Os laxantes cuja constituição inclua cáscara-sagrada, psyllium e senne devem ser teoricamente evitados pelo risco de estimulação uterina associado59. Recorrendo ao Prontuário Terapêutico e ao Resumo das Características do Medicamento (RCM) disponível no site do Infarmed, elaborei uma lista de laxantes com segurança comprovada na gravidez: Microlax® (citrato de sódio e laurilsulfoacetato de sódio), Bebegel® (glicerina), Dagragel® (gelatina e glicerina), Xarope de Maçãs Reineta® (extrato de maçãs reineitas, manitol e extrato de sene), Laevolac® (lactulose e Pursennide® (extrato de sene). 34 9.5 Conclusão É essencial que o farmacêutico esteja consciencializado para os riscos da utilização de fármacos durante a gravidez, de forma a poder dispensar um bom aconselhamento à utente, evitando uma ansiedade desnecessária. Este caso possibilitou-me um contato próximo com a utente, procurando a sua tranquilização e bem-estar, ao mesmo tempo que aprofundei a temática dos riscos e benefícios da medicação na gravidez, tornando-me conhecedora de alguns fármacos que poderão ser dispensados em situações semelhantes. 35 10. Considerações finais O estágio curricular é uma experiência fundamental na formação de um farmacêutico, pois prepara-nos para o mercado de trabalho e permite o contato com o público e com outros profissionais de saúde. A mudança de um ambiente teórico para uma realidade prática exige de nós uma adaptação rápida e uma resposta para situações com as quais nunca nos tínhamos deparado. Estes três meses na Farmácia Cardoso foram repletos de experiências a nível pessoal e profissional e proporcionaram-me uma enorme aprendizagem e crescimento. O receio e a insegurança iniciais foram desaparecendo através da prática e com a ajuda do resto da equipa e, neste momento, sinto-me preparada para exercer as funções de farmacêutica nesta área. As dificuldades que surgiram durante o período de estágio apenas contribuíram para um maior desenvolvimento profissional, sempre com o apoio da extraordinária equipa da FC, que me ensinou a melhor forma de agir e me deu confiança para resolver situações mais complicadas. Considero que a oportunidade de executar as tarefas que são da responsabilidade de um farmacêutico durante este estágio foram fundamentais para a minha aprendizagem e para o ganho de confiança e profissionalismo naquela que será a minha profissão. 36 11. Referências 1) Ordem dos Farmacêuticos: Código Deontológico da Ordem dos Farmacêuticos. 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Acessível em http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/PUBLICACOES/TEMATICOS/B OLETIM_FARMACOVIGILANCIA/ANOS_ANTERIORES/bf5-2-2trim2001.pdf [acedido em 2 de setembro de 2014] 60) INFARMED: Prontuário Terapêutico 2013. Acessível em http://www.infarmed.pt/portal/pls/portal/!PORTAL.wwpob_page.show?_docname=8944 263.PDF [acedido em 2 de setembro de 2014] 43 12. Anexos Anexo 1 - Grelha SCORE para países de baixo cardiovascular, onde se inclui Portugal46 44 Anexo 2 - Biossíntese do colesterol pela via do mevalonato 50 45 Anexo 1 - Folheto informativo sobre a hipercolesterolemia 46 Anexo 2- Folheto informativo sobre a obstipação na gravidez 47 MEMORIA DE LAS PRÁCTICAS “Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas” Hospital Universitario San Cecilio, Granada Ana Margarida Carvalho Guerra 2014 Práctica de tres meses por el “Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas” de la Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto. Local: Hospital Universitário de San Cecílio, Granada. Período de práticas: 27 de enero hasta 27 de abril Memoria realizada por: ___________________________________________________________ (Ana Margarida Carvalho Guerra) Firma del farmacéutico titular: ______________________________________________________ (Ana María Valle Díaz de la Guardia) Sello del Hospital Universitario San Cecilio: i DECLARACIÓN DE INTEGRIDAD Yo, Ana Margarida Carvalho Guerra, abajo firmante, nº080601067, estudiante do “Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas de la Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto”, declaro que he actuado con absoluta integridad en la preparación de esta memoria de la práctica. En este sentido, confirmo que no he incurrido en plagio (acto por lo cual, aunque por omisión, se asume la autoría de un determinado trabajo intelectual, integral o parcialmente). Además, declaro que todas las frases tomadas de trabajos anteriores, pertenecientes a otros autores, han sido citadas o redactadas con nuevas palabras, y en este caso haciendo referencia a su fuente bibliográfica. Granada, 24 de Abril de 2014 Firma: ___________________________________________________ ii AGRADECIMIENTOS En primero lugar, un agradecimiento a la Comisión de Erasmus de la “Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto” y al Dr. José Cabeza Barrera, que me han dado la oportunidad de realizar las prácticas en un lugar tan maravilloso como esto. Un agradecimiento muy especial a la Dra. Ana María Valle que me he recibido, organizado mis prácticas y estuvo siempre disponible para cualquier duda o asunto. A los restantes farmacéuticos y a los residentes que me enseñaron el funcionamiento del Servicio de Farmacia y han estado disponibles para ayudarme cuando me fue necesario. A todos los técnicos y auxiliares de farmacia, enfermeros y administrativos que se mostraron dispuestos a ayudarme y a responder a mis preguntas con buena disposición. A mis compañeros de prácticas, Regina, Carlos, Laia, Luís, Rosa, Melisa, María Gracia, Nieves, Laia R., Fabio, Álvaro, Lucia y Florence, que me ayudaron a mejorar mi castellano y me hicieron compañía durante todo el tiempo. Para terminar, agradecimientos a mi familia, que siempre me apoyó, y a mis amigos de Erasmus que hicieron de esta una experiencia única. iii LISTA DE ABREVIATURAS AEMPS – Agencia Española de Medicamentos y Productos Sanitarios CFT – Comisión de Farmacia y Terapéutica DCI – Denominación Común Internacional EC – Ensayo Clínico FH – Farmacéutico hospitalario HUSC – Hospital Universitario de San Cecilio RAM – Reacción Adversa a Medicamentos SDMDU – Sistema de Distribución de Medicamentos en Dosis Unitarias UEC – Unidad de Ensayos Clínicos UMI – Unidad de Mezclas Intravenosas iv LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Exterior del hospital Figura 2 – Almacén de productos sanitarios y nutrición Figura 3 – Máquina reenvasadora Figura 4 - Almacenamiento de medicamentos reenvasados en Unidosis Figura 5 – Carros de Unidosisy Kardex vertical Figura 6 - Talonario de vales para estupefacientes v INDICE Declaración de integridad ......................................................................................................................... II Agradecimientos ...................................................................................................................................... III Lista de abreviaturas............................................................................................................................... IV Lista de figuras .......................................................................................................................................... V Indice ........................................................................................................................................................ VI 1. Introducción ....................................................................................................................................... 1 2. Organización del servicio de farmacia ............................................................................................. 2 2.1 FUENTES DE INFORMACIÓN ................................................................................................................. 3 2.2 RECURSOS HUMANOS .......................................................................................................................... 3 2.3 COMISIONES TÉCNICAS HOSPITALÁRIAS .............................................................................................. 4 3. Circuito del medicamento ................................................................................................................. 4 4. Adquisición, recepción y almacenamiento ....................................................................................... 5 4.1 ADQUISICIÓN ...................................................................................................................................... 5 4.2 RECEPCIÓN ......................................................................................................................................... 5 4.3 ALMACENAMIENTO ............................................................................................................................. 6 4.4 CONTROL DE CADUCIDADES................................................................................................................ 6 5. Producción .......................................................................................................................................... 7 5.1 PREPARACIONES NO ESTERILES ........................................................................................................... 7 5.2 PREPARACIONES ESTERILES ................................................................................................................ 8 5.3 CITOSTÁTICOS..................................................................................................................................... 9 6. Distribución ...................................................................................................................................... 11 6.1 DISTRIBUCIÓN DE MEDICAMENTOS EN DOSIS UNITARIA .................................................................... 11 6.2 DISTRIBUCIÓN A LOS PACIENTES EXTERNOS ..................................................................................... 14 7. Estupefacientes................................................................................................................................. 15 7.1 ADQUISICIÓN .................................................................................................................................... 15 7.2 RECEPCIÓN ....................................................................................................................................... 15 7.3 CONSERVACIÓN ................................................................................................................................ 16 7.4 DISPENSACIÓN .................................................................................................................................. 16 7.5 GESTIÓN DE STOCKS Y DEVOLUCIONES ............................................................................................. 16 8. Ensayos clínicos................................................................................................................................ 17 8.1 RECEPCIÓN ....................................................................................................................................... 17 8.2 CONSERVACIÓN ................................................................................................................................ 18 8.3 DISPENSACIÓN .................................................................................................................................. 18 8.4 DEVOLUCIONES................................................................................................................................. 18 9. Farmacovigilancia............................................................................................................................ 19 10. Conciliacion de la terapeutica ......................................................................................................... 21 11. Sesiones bibliograficas...................................................................................................................... 23 12. Conclusión ......................................................................................................................................... 24 13. Bibliografia........................................................................................................................................ 25 14. Anexos ............................................................................................................................................... 26 vi 1. INTRODUCCIÓN El Servicio de Farmacia Hospitalaria incluye las actividades farmacéuticas ejercidas en organismos hospitalarios o servicios a ellos unidos. Son departamentos con autonomía técnica y científica, sobre orientación general de los órganos de administración de los hospitales. [1] Los farmacéuticos hospitalarios tienen como funciones: [1] 1. Adquisición, custodia y distribución de medicamentos, productos farmacéuticos y dispositivos médicos; 2. Preparación de medicamentos citostáticos, nutriciones parenterales, fórmulas magistrales y mezclas intravenosas; 3. Análisis de materias primas y productos acabados; 4. Información de medicamentos para pacientes y profesionales de salud; 5. Participación en Comisiones Técnicas; 6. Farmacia Clínica, Farmacocinética, Farmacovigilancia e Atención Farmacéutica; 7. Participación en los Ensayos Clínicos; 8. Control de la prescripción médica en pacientes ingresados; 9. Dispensación de medicamentos de especial control (VIH, hormona de crecimiento, etc.) a pacientes externos; 10. Notificación de reacciones adversas 11. Conciliación al ingreso y al alta. Las prácticas en Hospital San Cecilio de Granada ocurrieron durante 13 semanas, en los meses de enero, febrero, marzo y abril de 2014, bajo la supervisión de la farmacéutica Dra. Ana Valle. Durante este período de tiempo se ha hecho una rotación por cada uno de los siguientes programas: - Fórmulas Magistrales (3 semanas) - Sistema de Unidosis (2 semanas) - Conciliación del tratamiento al ingreso en el área quirúrgica (1 semana) - Conciliación del tratamiento en Medicina Interna (1 semana) - Ensayos clínicos (1 semana) - Nutrición parenteral (1 semana) - Citostáticos (1 semana) - Pacientes Externos (2 semanas) - Farmacovigilancia (1 semana) 1 Así, al finalizar el período de prácticas se deberán adquirir los siguientes conocimientos: Manejo de fuentes bibliográficas y documentales. Legislación farmacéutica básica vigente. Dispensación de medicamentos y productos sanitarios; criterios de selección de medicamentos y validación de la prescripción. Conservación y almacenamiento de medicamentos. Programas de farmacovigilancia. Detección y comunicación de reacciones adversas a medicamentos. Formulación magistral. Elaboración y control de formas farmacéuticas. Atención farmacéutica. Información farmacoterapéutica al paciente y a los profesionales sanitarios. Problemas relacionados con los medicamentos en pacientes concretos. Importancia de la Nutrición Parenteral. Medicamentos de elaboración estéril. Control de citostáticos. Farmacia oncológica. Relevancia y elaboración. 2. ORGANIZACIÓN DEL SERVICIO DE FARMACIA El Hospital Universitario San Cecilio es un hospital público de especialidades del Servicio Andaluz de Salud, ubicado en la avenida del Dr. Olóriz, número 16, de la ciudad de Granada. En el año 2008, la población atendida por el Área Hospitalaria de San Cecilio era de 278 999 ciudadanos. [2] Figura 1 -Exterior del hospital 2 La entrada de la Farmacia está ubicada en la planta baja del hospital. En esta planta están el área de Unidosis, el almacén de medicamentos, las salas de consulta para pacientes externos, un área de estar y los aseos (sólo para los profesionales). El laboratorio de citostáticos se encuentra en esta planta, pero está separado de las áreas restantes. En la primera planta están los despachos administrativos, la zona de ensayos clínicos y el laboratorio, con dos zonas, una para preparación de fórmulas magistrales y otra para preparación de nutrición parenteral y mezclas intravenosas (Anexo I). El Servicio de Farmacia abre todos los días, desde las 8:00 hasta las 22:00. 2.1 FUENTES DE INFORMACIÓN Los FH del Servicio de Farmacia utilizan varias herramientas de información para realizar sus funciones, como los websites www.ugcfarmaciagranada.com y www.aemps.gob.es (Agencia Española de Medicamentos y Productos Sanitarios) o el BotPlus, que permite buscar información sobre un medicamento o una enfermedad. Además, se consultan libros como el Vademecum, Medimecum, la Real Farmacopeia Española, el Index Merck o el Martindale. Hay también aplicaciones informáticas del propio hospital, que permiten consultar la historia clínica de un determinado paciente, saber cuáles son los medicamentos que toma y el registro de dispensaciones. 2.2 RECURSOS HUMANOS La dirección del Servicio de Farmacia es obligatoriamente asegurada por un farmacéutico hospitalario. El equipo del Servicio de Farmacia del HUSC es dirigida por el farmacéutico Dr. José Cabeza Barrera y está compuesto por varios otros profesionales: o 5 farmacéuticos especialistas en Farmacia Hospitalaria o 8 farmacéuticos internos residentes o 3 enfermeros o 8 técnicos de farmacia y 4 o 4 auxiliares de farmacia o 3 administrativos o 2 celadores 3 2.3 COMISIONES TÉCNICAS HOSPITALÁRIAS Como se mencionó anteriormente, el FH participa en Comisiones Técnicas, como en la Comisión de Farmacia y Terapéutica, en el Comité Ético de Ensayos Clínicos y en la Comisión de Uso de Medicamentos en Situaciones Especiales. La CFT se encarga de valorar la introducción de nuevos fármacos en la Guía Farmacoterapéutica del Hospital. Esta guía es el resultado de un proceso de selección de medicamentos estructurado, con el fin de poner a disposición de los clínicos los fármacos más seguros, eficaces y eficientes posibles. La CFT establece también los fármacos que a su juicio son sustituibles y cuáles no, así como las condiciones para ello, a través del Programa de Equivalentes Terapéuticos (PET). El Comité Ético de Ensayos Clínicos es esencial para aprobar o rechazar los ensayos clínicos que se pueden desarrollar en el HUSC, en base a las características de los fármacos, de los pacientes y de las condiciones físicas del hospital. La Comisión del Uso de Medicamentos en Situaciones Especiales evalúa solicitudes, por parte de los médicos, del uso de medicamentos para otras indicaciones no descritas en la ficha técnica. 3. CIRCUITO DEL MEDICAMENTO Los medicamentos y los otros productos farmacéuticos en ambiente hospitalario siguen varias etapas bien definidas, desde su llegada hasta su dispensacion a los pacientes. Almacenamiento Recepción Distribución Pacientes internos Pacientes externos Preparación Estériles No estériles Citostáticos Reenvasados Clásica Unitaria e individual Ambulatoria Esquema 1 – Circuito del medicamento hospitalario (adaptado de [1]) Sin embargo, hay medicamentos que tienen un circuito diferente y están sujetos a mayor control, como los estupefacientes y psicotropos y los medicamentos de ensayo clínico, que serán discutidos más adelante. 4 4. ADQUISICIÓN, RECEPCIÓN Y ALMACENAMIENTO 4.1 ADQUISICIÓN El Jefe del Servicio de Farmacia es el responsable de autorizar los medicamentos que se adquieren para el HUSC. Para cada medicamento hay un valor de stock máximo, mínimo y alerta (cantidad de existencias situada entre el stock máximo y el mínimo, necesarias para hacer frente a la demanda durante el periodo de reposición). La realización de los pedidos sigue la fórmula de “Aprovisionamiento por punto de pedido”, es decir, el pedido se hace cuando el stock de producto llega al stock de alerta. Semanalmente, la aplicación informática Kardex® facilita un listado de aquellos productos con stock por debajo del stock de alerta y así se realiza el pedido correspondiente. El farmacéutico responsable del Área de Gestión realiza la emisión de los pedidos, mediante el programa Gestión Económica. La cantidad a pedir suele ser fija y es la diferencia entre la cantidad del stock máximo y el stock actual. Una vez generado el pedido, se imprime la Hoja de pedido, donde figuran el número de pedido, el producto, el número de envases, los descuentos aplicable, el precio final y la firma del FH responsable. 4.2 RECEPCIÓN Cuando el medicamento llega al Servicio de Farmacia, el celador recepciona los bultos, sella el albarán al transportista y comprueba los productos y cantidades entregados y reflejados en el albarán. El albarán es entregado al personal administrativo, quien verifica que los productos recepcionados coinciden con los pedidos (número de pedido, laboratorio, código del producto, precio, cantidad, lote y caducidad). Después se realiza la entrada del material mediante el programa Gestión Económica. El albarán se une a la Hoja de pedido correspondiente y a la factura (firmada y sellada), que serán enviados al Área de Contabilidad. 5 4.3 ALMACENAMIENTO Los productos son ordenados de acuerdo con su DCI y por orden alfabético. Los medicamentos se pueden almacenar en el Kardex® (horizontal, vertical o de frio), en la cámara frigorífica y en las salas de consultas externas. Los medicamentos citostáticos se almacenan en la UMI, debido a su riesgo biológico. Los productos sanitarios y para la nutrición se guardan en una estantería en la planta baja del Servicio. Los estupefacientes y psicotrópicos se almacenan en una sala de acceso restringido. Figura 2 - Almacén de productos sanitarios y nutrición 4.4 CONTROL DE CADUCIDADES Mensualmente se saca un listado de caducidades del Kardex® y de los reenvasados. Para revisar, hacemos un pedido de una unidad de cada medicamento a Intercambios. Hay que revisarlos todos, retirar los caducados y poner un cartelito a los que vayan a caducar próximamente. 6 5. PRODUCCIÓN Hay muchos medicamentos comercializados que no son adecuados para las características fisiopatológicas de los pacientes y que necesitan de condiciones especiales de manipulación o de reenvasado. Además, hay otros que no son comercializados o son descontinuados por motivos económicos. Estas brechas terapéuticas afectan principalmente los niños y los ancianos, así como pacientes con enfermedades raras. Los Servicios de Farmacia Hospitalaria intentan rectificar estas brechas y responder a todas las necesidades existentes, mediante la preparación de fórmulas estériles y no estériles. [3] 5.1 PREPARACIONES NO ESTERILES La Unidad de Elaboración de Medicamentos dispone de un espacio dedicado a la elaboración de formas farmacéuticas sólidas, semisólidas y líquidas no parenterales, es decir, se preparan cápsulas, papelillos, jarabes, soluciones, pomadas y supositorios, en las dosis y condiciones adecuadas para su correcta administración. Este proceso se inicia con la prescripción, que se recibe en la Unidad mediante tubo neumático, celador o paciente. Una vez recibida la prescripción, se comprueba que contiene todos los datos precisos (nombre y firma del prescriptor, servicio, nombre del paciente, nombre de la fórmula y si no contiene excipientes a los que el paciente sea alérgico). Los pacientes sometidos a un tratamiento crónico pueden solicitar directamente su medicación sin necesidad de presentar receta, previa comprobación de los datos. En el caso de que la prescripción esté adecuadamente cumplimentada, se genera la guía de elaboración del medicamento solicitado (Anexo II) y las etiquetas para stock y/o con nombre de paciente y médico. Una vez elaborado el medicamento se procede a realizar los controles de calidad y al etiquetado del producto. Por último, si el producto es una fórmula de stock se almacena en su correspondiente lugar, pero si se trata de un producto de dispensación, la misma se realiza a través de la unidad de pacientes externos. En esta Unidad se preparan también los reenvasados, que deben quedar debidamente registrados (cuantidad preparada, lote y caducidad). La caducidad es normalmente de seis meses, con algunas excepciones. 7 Actividades realizadas en esta unidad: Elaboración de fórmulas magistrales y de reenvasados Etiquetación de los medicamentos elaborados Preparación de bolsas de medicación con información al paciente Conocimiento de la organización general del laboratorio 5.2 PREPARACIONES ESTERILES La nutrición parenteral está indicada en aquellas situaciones en las que no pueda usarse la vía enteral por falta de acceso o contraindicación de la misma y en las que ésta no sea suficiente para cubrir los requerimientos nutricionales del paciente. La estimación de las necesidades energéticas se hace teniendo en cuenta el nivel de estrés, que puede ser leve, moderado o grave (Anexo III). [4] Todas las solicitudes de nutrición parenteral deben ser validadas por un farmacéutico, que confirma si las cantidades de nutrientes son adecuadas para la edad, el peso y las necesidades nutricionales del paciente, mediante un programa informático (Anexo IV). [4] La mezcla de componentes de nutrición parenteral se hace en cabina de flujo laminar horizontal utilizando técnica aséptica. Hay bolsas ya diseñadas con cantidades de macronutrientes fijas que poden adaptarse a situaciones y pacientes en unas circunstancias determinadas. Estas bolsas prediseñadas tienen dos o tres compartimentos, donde se encuentran los distintos macronutrientes. A ellas se puede añadir tanto micronutrientes como iones o fármacos. Como las vitaminas son poco estables y encarecen la preparación, antes de 20 días no se añade ni vitaminas ni oligoelementos a las bolsas de NP. Después de 20 días se añade alternativamente estos componentes. Sin embargo, en casos de pacientes con insuficiencia renal o hepática, se hace adición diaria de vitaminas y oligoelementos. [4] Para la nutrición individualizada, se prepara las bolsas de NP según un orden establecido, para evitar problemas de precipitación y floculación. Así se recomienda mezclar primero los aminoácidos y la glucosa e introducir en último lugar las grasas, para minimizar el efecto desestabilizante del pH ácido de la glucosa y por su opacidad (que hace que no podamos ver si se forman precipitados en la bolsa). El fosfato y el calcio son componentes incompatibles que originan fosfato de calcio. Para evitar esto, 8 se debe calcular su proporción, utilizar fuentes orgánicas de los mismos (gluconato de calcio o glicerofosfato) y separar al máximo el momento de la adición entre ellos. [4] Como control de calidad la Unidad de Microbiología hace mensualmente un control microbiológico del aire del laboratorio, de la campana y de las bolsas de nutrición parenteral. Conocimientos adquiridos en esta unidad: Tipos de NP, indicaciones y componentes de la nutrición Local y utillaje Metodología de trabajo Control de calidad de la Nutrición Parenteral Protocolos de Nutrición Parenteral 5.3 CITOSTÁTICOS El Área de Mezclas Intravenosas está ubicada en la planta baja del hospital, cerca del Servicio de Farmacia pero fuera de este. Aquí se preparan también fármacos no citostáticos, que son adyuvantes de la terapia, como las inmunoglobulinas, la mitomicina y los antieméticos. Las prescripciones de citostáticos son electrónicas y son validadas por un FH, que debe confirmar la dosis, el diagnostico, los datos del paciente, el tiempo de perfusión y los intervalos entre los ciclos de quimioterapia. Después se hace la emisión del protocolo de preparación y se imprimen los rótulos para la medicación. La elaboración de citostáticos se hace en una cabina de flujo laminar vertical, por un enfermero. La preparación es rotulada, así como la bolsa utilizada para envolverla. Después del acondicionamiento, las mezclas se dispensan para que el celador las reparta. Para el primer reparto, se colocan en el carro todas las mezclas preparadas para ese mismo día por no tener suficiente estabilidad. Para el reparto de las 14h se colocan en el carro las mezclas que van a ser administradas al día siguiente y tienen estabilidad, de manera que estén disponibles a primera hora de la mañana en el Hospital de Día Oncológico. En caso de que coexistan en un ciclo mezclas estables y no, se elaboran las estables el día anterior y se conservan en frigorífico o en la campana (gemcitabina y cisplatino), hasta que al día siguiente se elaboran las no estables. 9 Actividades realizadas en esta unidad: Concepto de medicamentos citostáticos y medicamentos coadyuvantes Conocimiento del local y utillaje Preparación de medicamentos coadyuvantes Entrega de medicación al hospital de día Conocimiento de las normas de correcta elaboración 10 6. DISTRIBUCIÓN La distribución es un proceso que asegura una utilización eficaz, segura y racional de los medicamentos. Tiene como objectivos el cumplimiento del plano terapéutico, la disminución de errores asociados a la administración, asegurar la validación de la prescripción y garantizar una mejor adhesión del paciente a la terapia. [5] En el Servicio de Farmacia del HUSC se hace varios tipos de distribución: [5] Distribución a los pacientes ingresados (individual en dosis unitaria; Distribución a los pacientes en ambulatorio (pacientes externos); Medicamentos sujetos a legislación especial (estupefacientes, psicotrópicos y fármacos de ensayos clínicos). La distribución en dosis unitaria tiene mayor seguridad y eficacia, pues permite la intervención farmacéutica antes de la dispensación y de la administración de los fármacos y así puede disminuir los errores de medicación, interacciones y reacciones adversas. [5] En la distribución a los pacientes externos, es importante que se haga monitorización de la utilización de los medicamentos y que se presten cuidados farmacéuticos, para que se mejore el cumplimiento y la adhesión a la terapéutica. [5] 6.1 DISTRIBUCIÓN DE MEDICAMENTOS EN DOSIS UNITARIA En 1971 se inició la implantación del Sistema de Distribución de Medicamentos en Dosis Unitarias (SDMDU), con el objetivo de aumentar la seguridad del paciente. Este sistema de utilización de medicamentos está formado por un conjunto de procesos interrelacionados (prescripción, validación farmacéutica, dispensación y administración) y garantiza el cumplimiento de la prescripción médica y la correcta administración de los medicamentos al enfermo, así como permite racionalizar la distribución. [5,6] El Servicio de Farmacia es lo responsable de reenvasar y etiquetar todas las dosis de medicamentos que se utilicen en el hospital, para que los medicamentos suministrados mediante este sistema estén correctamente identificados (nombre comercial, principio activo, dosis, unidades de la dosis, lote y caducidad) hasta el momento de su administración. [7] 11 Figura 3 – Maquina reenvasadora Figura 4 - Almacenamiento de medicamentos reenvasados en Unidosis El FH recibe la prescripción médica original y los medicamentos no se deben dispensar hasta que el farmacéutico haya validado dicha prescripción. Una vez validados, se procederá a preparar la medicación individualizada por paciente y que se le debe administrar en las siguientes 24 horas (también al fin de semana). La preparación de medicación se lleva a cabo utilizando un Kardex® vertical, que se trata de un armario automatizado e informatizado, y la dispensación se realiza utilizando los carros de Unidosis que se entregan en cada unidad de enfermería. El personal de enfermería recibe la medicación y debe comprobar que se corresponde con lo que se debe administrar al paciente. En caso de existir discrepancias, se debe aclarar con el médico. Toda medicación no administrada al paciente debe ser devuelta en los carros al Servicio de Farmacia. [7] Figura 5 – Carros de Unidosis y Kardex® vertical Debido a las visitas médicas, ocurren alteraciones a las prescripciones durante toda la mañana. Al inicio del día, el farmacéutico valida los cambios de la noche 12 anterior y sigue validando los que van ocurriendo durante la mañana. Los carros de Unidosis suben a las plantas a las 14h y después hay un técnico que sube dos veces por la tarde para llevar la medicación que haga falta. Hay siempre un farmacéutico presente en el Servicio de Unidosis hasta las 22h, pero se es necesario enviar medicación después de esta hora, un supervisor con llave del Servicio tiene permiso para entrar. En caso de ser necesario un antídoto, hay un técnico que va personalmente al Servicio, ya que estos fármacos se almacenan apartados de los restantes medicamentos. Para la validación de las prescripciones médicas se utiliza un programa informático, donde se puede ver todos los medicamentos prescritos, actualmente en uso o suspensos (estos últimos están escritos a rojo). El farmacéutico se encarga de realizar varias intervenciones, como el control de antibióticos. En caso de un paciente que está siendo tratado con antibiótico durante 6 días, se pone una notificación amarilla para que el médico tenga en cuenta que el tratamiento no debe pasar los 7 días. Cuando se trata de antibióticos restringidos, se informa también al grupo de control de antibióticos (PROA). Otras intervenciones que el farmacéutico puede realizar incluyen: recomendación de pasaje de medicación de vía IV para vía oral, cuando esta ya es tolerada, o en caso de antibióticos que disponen de elevada biodisponibilidad (levofloxacino, linezolid, metronidazol, moxifloxacino, ciprofloxacino e clindamicina) y reducción de la dosis de Zolpiden en pacientes con más de 65 años. Todas las intervenciones realizadas por los farmacéuticos y aceptadas por los médicos son contabilizadas para evaluar su significancia estadística. Se realiza también el control de Sintrom (acenocumarol) evaluando el INR del paciente, de modo a ajustar la dosis (cada comprimido se puede dividir en cuatro partes). Cuando el paciente hace el control se comprueba que tiene suspendida toda la medicación anticoagulante. También se controlan los niveles sanguíneos de Vancomicina, que deben ser entre 10 y 20 µg/mL, ya que presenta nefrotoxicidad a partir de los 25 µg/mL. Debido a esto se hace control de creatinina para comprobar la función renal del paciente. Actividades realizadas en esta unidad: Conocimiento del soporte informático del sistema SDMDU; Observación de validaciones de prescripciones médicas y de intervenciones farmacéuticas; 13 Conocimiento de las ventajas y limitaciones del sistema SDMDU; Manejo y colocación de medicamentos en Kardex®. 6.2 DISTRIBUCIÓN A LOS PACIENTES EXTERNOS Los pacientes externos son aquellos que no generan estancia hospitalaria y reciben la medicación y atención farmacéutica directamente en el Servicio de Farmacia. El HUSC dispone de dos despachos para consulta de pacientes externos. Aquí se hace la dispensación gratuita de medicamentos para ciertas patologías específicas que por sus características requieren un seguimiento hospitalario, como es el caso de VIH, fibrosis quística, esclerosis múltiple y hepatitis C. Estos medicamentos son de Uso Hospitalario, es decir, pertenecen a las especialidades farmacéuticas que por ley deben ser prescritas por un médico adscrito a algún Servicio del Hospital. En esta Unidad también se dispensan medicamentos extranjeros de uso hospitalario, muestras para investigación clínica, medicamentos de uso compasivo y formulaciones magistrales requeridas excepcionalmente para determinadas patologías. Este sistema tiene como objetivo racionalizar la dispensación de medicamentos, facilitar información del tratamiento farmacológico a los pacientes y asegurar la adherencia del paciente a su tratamiento. La dispensación de los medicamentos es hecha en base a la fecha de la próxima consulta médica y al lugar de residencia del paciente. Por norma, se dispensa la cantidad de medicación necesaria para cubrir un mes de tratamiento, pero se puede dispensar para dos o tres meses cuando el paciente lo requiera, en situaciones en que viva muy lejos, que vaya a hacer una viaje o que no se pueda desplazar al hospital. La dispensación se acompaña de información del tratamiento farmacológico a los pacientes, verbal y/o escrita. Para hacer la reposición de stock, se imprime una hoja con las unidades de medicamentos dispensadas durante el día. Las administrativas informatizan esta hoja para que se saque la medicación del Kardex o de la cámara de frio. Actividades realizadas en esta unidad: Familiarización con la medicación dispensada y correspondientes patologías; Conocimiento de la estructura básica de la entrevista a los pacientes; Participación en la dispensación de medicamentos a los pacientes. 14 7. ESTUPEFACIENTES Los psicótropos y estupefacientes son substancias muy importantes para la medicina y sus propiedades pueden traer beneficios terapéuticos a un gran número de enfermedades. La potencial peligrosidad a la que puede conducir el abuso de estupefacientes y de psicótropos y su tráfico ilícito hacen que sean dos de los tipos de sustancias más controladas en todo el mundo. [8] 7.1 ADQUISICIÓN La Unidad de Gestión Clínica dispone de un talonario de vales de petición de estupefacientes que se pide a la Delegación de Salud. Cada vale está numerado y consta de un cuerpo y de una matriz. Para realizar un pedido es necesario que el responsable de la Unidad remita junto con el pedido informático un vale de estupefacientes donde figuren los siguientes datos: centro sanitario, director técnico y domicilio, estupefaciente solicitado, dosis y forma farmacéutica, proveedor, cantidad solicitada, fecha, firma y sello de la Unidad. La matriz debe conservarse durante dos años. El vale y el pedido informático se entregarán en mano al Servicio de Transporte que lo envía al laboratorio correspondiente. Figura 6 – Talonario de vales para estupefacientes 7.2 RECEPCIÓN Al recepcionar el pedido se comprueba que la cantidad suministrada coincide con la solicitada y se procede a darle entrada en el programa informático de Gestión y en el Libro de Contabilidad de Estupefacientes informatizado. 15 7.3 CONSERVACIÓN La Unidad de Gestión Clínica dispone de un armario independiente y seguro para la custodia de los estupefacientes. La puerta está dotada de una cerradura electrónica con control de apertura y cierre. Solo los facultativos de la Unidad tienen permiso de acceso. 7.4 DISPENSACIÓN La dispensación se realiza siempre por un farmacéutico. Para ello, el Servicio que los solicite deberá hacerlo a través de una receta oficial de estupefacientes. El horario programado de dispensación es de 13:00 a 15:00. 7.5 GESTIÓN DE STOCKS Y DEVOLUCIONES Periódicamente se realiza un inventario del stock del que se dispone. De cada estupefaciente se determina una existencia mínima y cuando se alcanza dicha existencia se realiza un nuevo pedido. Los estupefacientes caducados pueden devolverse al laboratorio a través de un vale oficial de estupefacientes, o pueden destruirse con autorización de la inspección de farmacia y en presencia del inspector. 16 8. ENSAYOS CLÍNICOS Los Ensayos Clínicos en España son regulados por el Real Decreto 223/2004, de 6 de febrero. Esto define un ensayo clínico como “toda investigación efectuada en seres humanos para determinar o confirmar los efectos clínicos, farmacológicos y/o demás efectos farmacodinámicos, y/o de detectar las reacciones adversas, y/o de estudiar la absorción, distribución, metabolismo y excreción de uno o varios medicamentos en investigación con el fin de determinar su seguridad y/o su eficacia”. [9] El Comité Ético de Investigación Clínica del HUSC evalúa solicitudes y protocolos de investigación clínica y analiza para su aceptación o rechazo todos los planos de investigación presentados. Sólo se podrá iniciar un ensayo clínico cuando el comité ético de investigación clínica que corresponda y la AEMPS hayan considerado que los beneficios esperados para el sujeto del ensayo y para la sociedad justifican los riesgos. [9] Si un EC es aceptado, el promotor designa un monitor (miembro del laboratorio investigador), que está encargado de hacer visitas de monitorización a la UEC, como la visita inicial, las visitas de seguimiento (periódicamente) y la visita de cierre. Actualmente hay aproximadamente 25 ensayos clínicos activos en el HUSC. La UEC del Servicio Farmacéutico se encarga de la recepción, conservación, dispensación individualizada, registro, devoluciones y gestión del stock de los medicamentos experimentales. Hay una carpeta para cada ensayo clínico realizado, que está compuesta por toda la información referente al ensayo, como los protocolos cedidos por el promotor, diseño y objetivos del estudio, gestión de stock, hojas de dispensación y registros de control de temperatura. De acuerdo con la ley española, estos documentos tienen que estar guardados durante 10 años después de la visita de cierre. 8.1 RECEPCIÓN El farmacéutico responsable por la UEC abre la caja con los medicamentos y hace la verificación de estos, comprobando la cuantidad, el lote y la caducidad, que la medicación no tiene daños y el control de la temperatura. En caso de que la temperatura no esté adecuada, se notifica al monitor y se deja el medicamento en cuarentena. 17 La confirmación de la recepción se hace a través del IVRS (Interactive Voice Response System), que puede ser por teléfono o por internet (Clinphone o SClinica). Los registros generados en papel deben ser guardados en la carpeta del ensayo clínico. 8.2 CONSERVACIÓN Los medicamentos experimentales son almacenados en una sala de acceso restringido con sondas calibradas que hacen el control de la temperatura ambiente y del frigorífico. Los valores permitidos son entre 2 y 8 °C para los medicamentos de frio y entre 20 y 25 °C para los restantes. Cuando el registro de temperatura indique valores por encima o por debajo de los límites establecidos, se acciona una alarma por el sistema eviSENSE que informa el farmacéutico del problema, que luego comunica esta desviación a los monitores de todos los ensayos clínicos que están ocurriendo. Si un medicamento es afectado por la variación de la temperatura, es colocado en cuarentena, hasta que el monitor comunique que se puede utilizar o que sea destruido. 8.3 DISPENSACIÓN La prescripción de los medicamentos experimentales se hace por el médico a través de una hoja de prescripción especial (Anexo V). El farmacéutico valida esta prescripción y selecciona el kit correspondiente antes de hacer la dispensación. Se registra la cantidad, el lote, la caducidad, la fecha de dispensación y la identificación del paciente en una hoja de dispensación, que se guarda en el dossier del estudio. 8.4 DEVOLUCIONES Todas las cajas caducadas y sobrantes, además de las cajas vacías devueltas por los pacientes son contabilizadas y registradas, para que sean devueltas al promotor del EC o destruidas en el HUSC. Actividades realizadas en esta unidad: Conocimiento de los tipos de ensayos clínicos y objectivos; Participación en visitas de inicio y de seguimiento; Participación en la recepción de medicamentos de ensayos clínicos; Observación de la dispensación de medicamentos de ensayos clínicos. 18 9. FARMACOVIGILANCIA La Farmacovigilancia se define según la OMS como la ciencia y actividades relacionadas con la detección, evaluación, comprensión y prevención de los efectos adversos o cualquier otro problema relacionado con los medicamentos. [10] Es muy importante mantener un sistema de detección precoz y el estudio de cualquier nueva incidencia de salud asociada con la introducción de un medicamento en el mercado, para poder definir con precisión el perfil de seguridad esperable del nuevo fármaco y actuar eficazmente sobre situaciones de riesgo imprevistas. Uno de los sistemas empleados por la Farmacovigilancia es el Programa de Notificación Espontánea o “Tarjeta Amarilla”. Este sistema se basa en la recolección y centralización de las sospechas de reacciones adversas detectadas por los profesionales sanitarios durante su práctica habitual, y en su análisis centralizado para la detección de nuevas señales de alerta. Debemos notificar cuando tenemos la sospecha de una posible relación causal de los signos y síntomas de una RAM en el paciente con el uso del medicamento. La notificación de RAM comunes o aparentemente insignificantes, pueden ayudar a identificar problemas de seguridad de los medicamentos. No es imprescindible disponer de toda la información posible. Se recomienda notificar principalmente todas las sospechas de RAM a los nuevos medicamentos lanzados en los últimos 5 años, así como las RAM graves asociadas con el resto de medicamentos, tales como las que: provoquen la muerte, supongan una amenaza para la vida del paciente o provoquen o prolonguen la hospitalización del paciente. Asimismo, el trabajo del farmacéutico es notificar estas RAM al Centro Andaluz de Farmacovigilancia, a través de las Notas Amarillas. La información más importante es el fármaco causante de la RAM y en qué consistió la RAM (y las consecuencias que ésta tuvo para el paciente). Esta información se obtén mediante varios programas: Archinet, Bot Plus y Programa Unidosis. Archinet es el sistema informático del Hospital Universitario San Cecilio donde se recogen todos los datos clínicos de un paciente atendido en este hospital (consultas externas, análisis de sangre, ingresos hospitalarios, cirugía, etc). El BotPlus es una base de datos actualizada constantemente, basada en las fichas técnicas de todos los medicamentos comercializados en España. Sirve para ver las indicaciones de un 19 fármaco, su mecanismo de acción y sus reacciones adversas. El Programa Unidosis facilita información acerca de todas las prescripciones de un paciente durante su ingreso. Actividades realizadas en esta unidad: Manejo de fuentes de información de farmacovigilancia en el hospital; Familiarización con la literatura y documentación médica; Conocimiento de la notificación al sistema español de farmacovigilancia: sistema de la tarjeta amarilla; Identificación de Reacciones Adversas a Medicamentos. 20 10. CONCILIACION DE LA TERAPEUTICA La falta de información precisa y completa sobre los medicamentos que toma un paciente en las transiciones entre los distintos niveles de asistencia ocasionan un riesgo de sufrir errores de medicación (EM), que son una de las principales causas de la gran mayoría de acontecimientos adversos por medicamentos que afectan a los pacientes. Se pueden producir distintos tipos de EM, siendo el error de omisión el más frecuente (no se ha prescrito un medicamento necesario, sin justificación clínica para omitirlo). [11,12] La conciliación de la medicación se define como un proceso formal consistente en comparar la medicación habitual del paciente con la medicación prescrita después de una transición asistencial o de un traslado dentro del proprio nivel asistencial. La finalidad de esta práctica será la de analizar y resolver las discrepancias medicamentosas y así disminuir los errores de medicación a lo largo de toda la atención sanitaria. [12] La conciliación debería realizarse en todos los pacientes. Sin embargo, se trata de un proceso complejo, por lo que se deben priorizar aquellos pacientes susceptibles de un mayor beneficio de este proceso. Factores como la pluripatología, la polimedicación, la automedicación, la situación clínica y personal del paciente en las transiciones asistenciales, pueden condicionar la aparición de EM [12]. Asimismo, en el HUSC la conciliación se centra en los pacientes mayores (> 65 años) o los que toman más medicamentos (más que cinco). El HUSC realiza conciliación en dos etapas distintas: la conciliación al ingreso y la conciliación al alta. La primera es la más sencilla, ya que constituye una única comparación entre las órdenes médicas activas al ingreso y la lista de medicación domiciliaria previa. La otra es la más compleja e implica la obtención de una única lista completa de toda la medicación, especificando la dosis, la pauta y la duración. Así se obtén un Informe Farmacoterapéutico, que se facilitará al médico responsable y al paciente. [11] La conciliación de la medicación consta básicamente de tres fases: [12] 1. Obtención de la historia farmacoterapéutica del paciente, a través de su historia clínica (informes de enfermaría o de alta, anamnesis, etc.) y de una entrevista estructurada con el paciente, familiares y cuidadores. 2. Detección y resolución de discrepancias con la medicación activa del paciente, comparando la HFT previamente obtenida con la medicación 21 prescrita tras la transición asistencial. Estas discrepancias se deben comentar con el prescriptor y resolverlas. 3. Comunicación de los cambios de prescripción y medicación resultante al mismo paciente y al siguiente responsable sanitario del paciente. Actividades realizadas en esta unidad: Conocimiento del tipo de pacientes a los que se aplica el programa de conciliación; Observación de la elaboración de la lista de medicación previa del paciente; Participación en las entrevistas farmacoterapéuticas a los pacientes hospitalizados o sus familiares; Observación de la mediación entre el médico y el farmacéutico. 22 11. SESIONES BIBLIOGRAFICAS Durante las prácticas se realizaron varias sesiones bibliográficas, propuestas por la Dr. Ana Valle, donde los estudiantes tenían que presentar la revisión de artículos científicos de una revista ofrecida y también un caso clínico de un paciente del hospital. El objetivo sería revisar los conocimientos adquiridos durante las clases y adquirir nuevos conocimientos sobre temas relacionados con la práctica hospitalaria. Los artículos científicos fueron elegidos de la revista Farmacia Hospitalaria de la Sociedad Española de Farmacia Hospitalaria. Las fuentes bibliográficas para la elaboración del caso clínico fueron: el Archinet, el BotPlus y el website de la AEMPS. El tema del caso clínico fue “Esclerosis Múltiple” y los artículos fueron: “Intervención farmacéutica al alta hospitalaria para reforzar la comprensión y cumplimiento del tratamiento farmacológico” y “Adherencia subóptima al tratamiento en la esclerosis múltiple”. Los trabajos desarrollados se encuentran resumidos en anexo (Anexos VI, VII y VIII). 23 12. CONCLUSIÓN Las prácticas en el Hospital Universitario San Cecilio fueron muy enriquecedoras, pues me posibilitaron contactar con una salida profesional de la carrera que no se profundiza durante las clases. La rotación por las distintas áreas constituyentes del Servicio de Farmacia me permitió conocer el papel del farmacéutico hospitalario, no solamente en la dispensación de la medicación o su preparación, sino que también en la conciliación de la terapéutica y en farmacovigilancia. Fue destacada la importancia de la comunicación entre los diversos profesionales, para mejorar la farmacoterapia de los pacientes. Estas prácticas fueron el primer contacto con el ambiente hospitalario y me permitieron conocer el funcionamiento del Servicio de Farmacia y el circuito del medicamento en un hospital, posibilitando también el contacto con farmacéuticos experimentados y especializados. Fue también la oportunidad de revisar y de aplicar mis conocimientos teóricos, de conocer medicamentos de uso exclusivo hospitalario (y que me eran desconocidos) y de contactar con los pacientes, tanto internos como externos al hospital. Esta fue una experiencia muy gratificante que me aproximó a la realidad profesional, dándome nuevas aptitudes sociales y académicas y favoreciendo el desarrollo de mi futuro trabajo en el ámbito de la salud. 24 13. BIBLIOGRAFIA 1. Conselho Executivo da Farmácia Hospitalar (2005). “Manual de Farmácia Hospitalar”. Ministério da Saúde, pp. 11-15 2. Hospital Universitario San Cecilio de Granada, accesible en: http://www.juntadeandalucia.es/servicioandaluzdesalud/hsc/web/ [accedido en 10 de Marzo de 2014] 3. Lemos, Lisete (2011). “Manipulação de medicamentos na farmácia hospitalária”. Centro de Informação do Medicamento 4. Abilés, J.; Moratalla Cecilia, G.; Hernández Álvarez, J.; Montesinos, I.; Rodríguez Troyano, MJ. (2011). “Manual de bolsillo de Nutrición Parenteral” pp. 29-33 5. Crujeira, R.; Furtado, C.; Feio, J.; Falcão, F.; Carina, P.; Machado, F.; Ferreira, A.; Figueiredo, A. e Lopes, J. M. (2007). “Programa do Medicamento Hospitalar”. Ministério da Saúde, pp. 9-11 6. Planas, Mª Cinta (2002). “Farmacia Hospitalaria – Tomo I”, 3ª edición. Fundación Española de Farmacia Hospitalaria, pp 389-411 7. Hospital Regional Universitario Málaga, accesible en: http://www.hospitalregionaldemalaga.es/InforCorporativa/UnidadesdeGesti%C3% B3nCl%C3%ADnica/UGCFarmacia/AreaDosisUnitaria.aspx [accedido en 8 de Abril de 2014] 8. Agencia Española de Medicamentos y Productos Sanitarios: Estupefacientes y Psicotrópicos, accesible en: http://www.aemps.gob.es/medicamentosUsoHumano/estupefacientesPsicotropos/ho me.htm [accedido en 28 de Marzo de 2014] 9. Real Decreto 223/2004, de 6 de febrero, Boletín Oficial del Estado, nº 33, de 7 de febrero de 2004, pp. 5429-5443 10. World Health Organization. Dept. of Essential Drugs and Medicines Policy (2004). “Pharmacovigilance : ensuring the safe use of medicines”. World Health Organization 11. Guía de Conciliácion, UGC farmacia Granada, Servicios de Farmacia del HUSC 12. “Conciliación de la Medicación” (2013), Información Farmacoterapéutica de la Comarca, volumen 21, nº 10 25 14. ANEXOS ANEXO I – Plano del servicio de farmacia del husc Primera planta – Laboratório, ensayos clínicos y despachos administrativos Planta baja – Citostáticos, Unidosis, Almacén y Pacientes Externos 26 ANEXO II – Ejemplo de un protocolo de elaboración de fórmulas magistrales 27 ANEXO III – Hoja de prescripción de nutrición parenteral 28 ANEXO IV – Soporte informático para nutrición parenteral 29 ANEXO V – Hoja de prescripción de medicamentos para ensayos clínicos 30 ANEXO VI – Caso clínico desarrollado durante las prácticas CASO CLÍNICO – ESCLEROSIS MULTIPLE Introducción La esclerosis múltiple es un trastorno del SNC, lentamente progresivo, caracterizado por la pérdida de mielina en determinadas regiones del cerebro y la médula espinal. No se sabe exactamente lo que provoca esto, pero se piensa que puede ser causado por un virus o un defecto genético, aún que los factores ambientales puedan estar envueltos. Esta patología afecta principalmente las mujeres jóvenes (18-35 años), de la Europa y América del Norte. Los síntomas dependen de la zona del SN afectada, pero los más frecuentes incluyen: astenia, ataxia, diplopía, dolor, incontinencia urinaria, estreñimiento, parestesia, vértigo, alteraciones cognitivas y disartria. El diagnóstico se hace recurriendo a anamnesis con exploración física y a RMN, que puede detectar lesiones desmielinizantes. Como métodos de apoyo se usan pruebas de estimulación y análisis de LCR, ya que hay un aumento de albumina y de inmunoglobulinas. Datos de la paciente Este caso clínico trata de una mujer de 48 años, paciente del HUSC. Presenta hipotiroidismo, hemorroides, hernia crural (protrusión del contenido de la cavidad abdominal o pelviana) y esclerosis múltiple remitente-recurrente (RR). Este tipo de esclerosis es lo más frecuente y se caracteriza por episodios de recaídas seguidos por períodos variables de estabilización o recuperación. Tratamiento actual Eutirox® 100mcg 1 comp/24h Levotiroxina. Indicado para hipotiroidismo Citalopram 20mg 1 comp/24h Indicado para depresión, transtorno de pánico, etc. Clorazepato dipotasico 5mg 1 capsula/24h Benzodiazepina. Estados de ansiedad y depresivos; trastornos del sueño. Omeprazol 20mg 1 cápsula/24h Protector gástrico. Ibuprofeno 600 Tratamiento de procesos dolorosos de intensidad leve y moderada. Avonex® semanal Interferon b 1ª intramuscular. Tratamiento de 1ª línea para esclerosis múltiple. Fueran encontradas dos interacciones en esta medicación, entre el citalopram y el omeprazol y otra entre el citalopram y el ibuprofeno. El omeprazol aumenta el nível 31 de efecto del citalopram, pelo que la dosis máxima recomendada es 20mg/día. Entre el citalopram y el ibuprofeno hay aumento de la toxicidad por sinergismo farmacodinámico y aumento del riesgo de sangramiento GI. Historia Clínica: La paciente presentó un episodio auto limitado a los 13 años de paresia de miembros. Se consideró el diagnóstico de esclerosis múltiple pero al final se diagnosticó como Síndrome de Guillain-Barré, que es un trastorno en el que el sistema inmunológico del cuerpo ataca la parte del sistema nervioso periférico, desencadenado por una infección viral o bacteriana. A los 24 y a los 33 años sufrió de una sensación de acorchamiento y de debilidad. Fueron detectadas en RM cerebral lesiones de desmielinización en grado leve y en pequeña cuantía. Se trató con corticoides. Presentó diplopía a los 41 y nuevamente los 43 años. RM mostró mayor número de lesiones. Sin embargo, no ha recibido tratamiento. A los 44 años sufrió de una sensación de cansancio fácil y torpeza en la marcha, pelo que es tratada con corticoides. La RM cerebral mostró 14 lesiones desmielinizantes, pelo que se decide empezar la terapia inmunomoduladora con Interferon b 1ª intramuscular (Avonex®) semanalmente. Esta medicación le provoca reacciones adversas, como escalofríos y mal cuerpo, pelo que se recomienda tomar ibuprofeno 600 una hora antes del Interferon. Un mes después tiene un episodio de torpeza para caminar, parestesias en pies y urgencia miccional. Es tratada con 3 bolos de corticoides. Actualmente se presenta sin cambios ni efectos adversos. Conclusión No se conoce cura para la esclerosis múltiple hasta el momento. Sin embargo, hay tratamientos que puede retardar el progreso de la enfermedad, controlando los síntomas y ayudando a mantener una calidad de vida normal. En primera línea existe el interferón beta 1a o 1b, que es administrado vía SC, IV o IM. Aunque disminuye el nº de brotes, presenta como efectos secundarios un cuadro parecido al de la gripe, como fue visto en este caso clínico. Otro medicamento de primera línea es el acetato de glatiramero, administrado vía SC diariamente. Disminuye el número de brotes y la frecuencia de recaídas. Se continúan habiendo brotes o signos de actividad, se administran los fármacos de segunda línea, muy eficaces pero que pueden comportar mayores efectos secundarios, el Natalizumab y el Fingolimob (este último en forma oral). 32 ANEXO VII – Revisión del artículo científico presentado oralmente durante las sesiones bibliográficas Intervención farmacéutica al alta hospitalaria para reforzar la comprensión y cumplimiento del tratamiento farmacológico Ulayar A., Lopez S., Llobet N., Sancho A., Bernadàs L., Mendez R. (2012) Este artículo tiene dos objectivos: (1) conocer la efectividad de una intervención farmacéutica en pacientes en el momento del alta hospitalaria para mejorar la comprensión de los tratamientos farmacológicos y el cumplimento de las pautas prescritas, en su domicilio; (2) conocer si esta intervención comporta una disminución de los reingresos, durante los 30 y 60 días posteriores. El periodo de reclutamiento de sujetos fue de 2 meses. Como criterios de inclusión teníamos pacientes polimedicados (5 o más medicamentos) ingresados en el área de medicina interna. Criterios de exclusión serían los pacientes que se dirigían a residencias geriátricas o a centros sociosanitarios y pacientes que dependían de un cuidador que no estaba presente en el momento de la intervención. Se criaran dos grupos: un controlo (no se realizó ninguna actividad complementaria) y un de intervención (entrega de un plan de medicación personalizado que consistía en un diagrama horario de los medicamentos prescritos; una serie de recomendaciones generales sobre el uso correcto de los medicamentos; información verbal sobre la administración y la importancia de seguir las pautas correctamente). Los pacientes fueron aleatorizados mediante el método de los sobres cerrados que en su interior contenían una tarjeta que indicaba el grupo asignado y que se había generado a partir de un listado de números aleatorios. Siete días después todos los pacientes fueron entrevistados telefónicamente por un farmacéutico. Se compararan las respuestas obtenidas con la prescripción médica al alta y se registraran las discrepancias. Se clasificó a los pacientes como correctos (ninguna discrepancia) o incorrectos (al menos una discrepancia) y también según el porcentaje de error detectado, es decir, medicamentos incorrectos respecto el total de medicamentos pautados. Como resultados, se verificó que en el grupo intervención, 70,7% de pacientes tomaba toda la medicación correctamente, aunque que en el grupo control este porcentaje fue de 19,5%. Del total de 772 medicamentos registrados, 67 se tomaban con una pauta distinta a la prescrita en el grupo control y 11 en el grupo intervención. Las discrepancias afectaran en mayor medida a fármacos de las enfermedades crónicas, como los antihipertensivos. El porcentaje de reingresos durante el mes posterior se redujo un 70% en el grupo intervención comparado con el grupo control. A los 2 meses esta reducción fue del 76,9%. Se concluyó que una intervención farmacéutica con el paciente al alta hospitalaria evita errores de administración, confusión de pautas y mejora la actitud del paciente frente a su tratamiento. Esta intervención es muy importante ya que el medico puede ignorar la falta de cumplimento de la medicación y puede aumentar las dosis o cambiar por otros más agresivos, lo que conlleva un incremento de los riesgos para el paciente. Por eso, las instituciones sanitarias y los profesionales deben redoblar esfuerzos para mejorar la información ofrecida al paciente al alta hospitalaria. 33 ANEXO VIII – Revisión del artículo científico presentado oralmente durante las sesiones bibliográficas Adherencia subóptima al tratamiento en la esclerosis múltiple Perrín R., Valdecasas M., Eguizabal L., Pérez I., Muñoz N., Barrueta O., Callejón G. (2012) La esclerosis múltiple es una enfermedad crónica, inflamatoria y progresiva, en que hay pérdida de mielina. No se dispone de un tratamiento curativo. Los tratamientos están orientados a modificar la evolución natural de la afección o a paliar la sintomatología para conseguir una mejor calidad de vida. En este grupo de fármacos se encuentran el interferón beta y el acetato de glatiramero, que disminuyen el número de brotes y el tiempo libre de recaída, siendo el coste de adquisición elevado. La gratuidad del tratamiento o la atención mayoritaria a los pacientes en consultas especializadas podrían favorecer a adherencia al tratamiento. Este artículo tiene como objetivo conocer la adherencia al tratamiento con interferón beta y acetato de glatiramero y determinar el porcentaje de discontinuación y sus causas. Para esto fueran seleccionados consecutivamente todos los pacientes con EM que acudieron a los servicios de farmacia hospitalaria para recoger interferón beta o acetato de glatiramero. Los pacientes podían iniciar el tratamiento en aquello momento o haberlo iniciado previamente. El período de inclusión fue de 6 meses y el tiempo de seguimiento de los pacientes de un año. En la primera visita se recogió datos de filiación y sociodemográficos, caracterización de la patología, tratamiento farmacológico, pauta y cantidad de medicación remanente en casa y unidades dispensadas. En las visitas de seguimiento se recogió las reacciones adveras, los brotes, las causas de discontinuación de tratamiento, la medicación remanente en caso de cambio de tratamiento, el medicamento dispensado y la cantidad. En la hoja de cierre se registraran los pacientes que habían abandonado el tratamiento y la causa. La variable principal de valoración fue el porcentaje de adherencia para cada fármaco entre la visita inicial y la última dispensación. Se calculó teniendo en cuenta las dosis dispensadas y el tiempo transcurrido. Como resultados, se obtuvo una adherencia media del 61,5%. Las causas de discontinuación fueron diversas pero la más frecuente fue el criterio médico y dentro de esta, la principal razón fue la falta de respuesta. Como hay un aumento significativo del riesgo de recidivas en pacientes con adherencia inferior al 85%, una adherencia media como la obtenida en este estudio debe ser motivo para la reflexión, por su repercusión clínica y económica. 34 1